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cronicas-->Não sou homem de lavar louça -- 03/12/2001 - 16:58 (Luís Augusto Marcelino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Já fiz muita coisa na vida. Até já me vesti de mulher. Foi na despedida de solteiro do António Carlos. Dessa, não deu pra escapar. Vestido de chita, batom, peruca, esmalte. Pelo menos deu para concluir que eu seria um travesti muito do feio (talvez por causa do excesso de pêlos)!

E também não tenho nada contra os homens que se dedicam aos afazeres domésticos. Mas comigo, não dá! Esse negócio de lavar louça é contra os meus princípios. Tenha santa paciência! Tente imaginar a cena: seus amigos vão à sua casa, sem avisar, porque aqui não é os Estados Unidos. Querem te convidar para um carteado e beliscar alguma sobra do almoço, que é o que eles sempre fazem. Só para te sacanear, não tocam a campainha. Pulam o muro e prosseguem, com a clara intenção de ficar batendo na porta da cozinha pra te assustar. A janela está aberta. Sua mulher está assistindo TV. Um desses programas de auditório qualquer. Ela aproveita o momento de relaxamento para também fazer as unhas. Seus amigos atravessam todo o quintal. Você está com aquele aventalzinho xadrez e as mãos ocupadas. Panela numa mão, esponja na outra. Fazendo fortes movimentos circulares sobre o fundo da panela. Eles - os amigos - começam a ouvir o barulho dos copos batendo na pia. Pensam em voltar para não assustar a patroa. Mas um deles - sempre há um, não tem jeito - decide ir adiante. Justamente quando ele está passando sob a janela, agachado, parecendo um pato bêbado, você grita pra patroa que acabou o detergente. Ele se ergue. Olha pros seus olhos, você pensa em dizer que sua mulher está doente, mas ela aparece na mesma hora e cumprimenta seu amigo. Ele faz sinal para os outros se aproximarem. Todos ali, cara-a-cara com você. A espuma pingando no chão. A patroa avisando: "depois passa um paninho no piso porque está tudo molhado". Não, não poderia me sujeitar a uma humilhação dessas. Melhor eu continuar assim do meu jeito rabugento, sendo taxado de retrógrado, antiquado, pré-histórico. Melhor assim.

Agora mesmo estou no quarto, rascunhando esta crónica, enquanto Malu lava a louça. Não chego nem perto. Ouço os passos da Malu na escada que leva ao segundo piso. Fecho o editor de texto. Ela chega. Repousa suas mãos macias em meus ombros. Beija-me a testa.

- Tá na hora de passar o aspirador no tapete da sala, querido!

- Então já estou descendo, amor.

Malu pensa que sou alérgico a detergente, por isso não me manda lavar a louça. Quanto às outras coisas, bem... que mal há em passar um aspirador de pó?

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