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Artigos-->O EQUADOR E SEUS POLÍTICOS -- 22/04/2005 - 10:47 (Vitor Gomes Pinto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O EQUADOR E SEUS POLÍTICOS



Vitor Gomes Pinto

Escritor, Especialista em Relações Internacionais, Autor de Guerra nos Andes





Lucio Gutiérrez Borbúa resistiu 27 meses na cadeira presidencial do Palácio de Carondelet em Quito, um pouco mais do que a maioria de seus antecessores. Nos últimos nove anos o Equador teve sete presidentes: média de 15 meses para cada um. Para quem não sabe como se frita um presidente na América Latina, o caso Gutiérrez é exemplar.

Veja os fatos: 1) dizendo não ser um político, vence as eleições tomando posse em março de 2003 à frente de um novo partido que conquistara só 7 das 100 cadeiras do Congresso que lá é unitário; 2) o vice-presidente, um médico que nunca pertenceu a qualquer partido e também diz não ser político, quase de imediato entra em conflito com o presidente; 3) seis meses depois da posse, demite todos os ministros do movimento indígena Pachacutik que ajudara a elegê-lo, jogando-o na oposição; 4) faz um governo de mais baixos que altos, sem consistência até que as pesquisas de opinião lhe dão apenas 6% de apoio popular (similar ao de Toledo, no Peru), obrigando-o a negociar constantemente acordos no Parlamento; 5) aproveitando-se da fraqueza do governo, uma oposição de ocasião formada por conservadores, indígenas e esquerdistas apoiada pelos juízes da Corte Suprema de Justiça (CSJ) tenta o seu impeachment com base em acusações genéricas, mas Gutiérrez se junta aos ultraconservadores e resiste; 6) para se vingar comete um erro fatal ao destituir 27 dos 31 juízes da CSJ nomeando outros tantos a seu favor, os quais anulam pesadas acusações sobre dois ex-presidentes (Bucaram e Noboa) e um ex-vice permitindo seus retornos ao país; 7) quatro meses depois o povo está nas ruas da capital dizendo que não aguenta mais aquele presidente e nem os anteriores, sofrendo repressão policial que resulta em três mortos; 8) o governo movimenta suas bases e traz grupos de indígenas de religião protestante para enfrentar os manifestantes em Quito; 9) o Alto Mando das Forças Armadas diz que apóia o presidente mas em seguida se arrepende e lhe pede que renuncie para evitar derramamento de sangue, enquanto 60% dos deputados decretam o afastamento de Gutiérrez por abandono do cargo embora ele estivesse despachando normalmente em sua mesa de trabalho; 10) militantes do Partido Comunista, Marxista e Leninista do Equador invadem o palácio em Cuenca, a 3a. cidade do país, e correm com o governador assumindo seu posto enquanto estudantes na capital invadem a sede do Congresso e agridem deputados pedindo que todos renunciem; 11) o presidente foge de helicóptero do palácio sob a proteção cerrada de sua guarda, os Granaderos de Tarquí e, sem ter onde se esconder, pede asilo na embaixada brasileira; 12) o chefe de polícia, orgulhoso por não ter usado gás mostarda quando dissolveu algumas manifestações, pede demissão e seu substituto se compromete a não mais lançar bombas de gás contra o povo; 13) o vice, um médico que reafirma não ser político, assume com bom humor disposto a fazer uma ressuscitação cardiorrespiratória no paciente (o Equador) para tirá-lo do estado de coma a que chegara; 14) o povo nas ruas, animado pelos tambores e flautas da banda da Federação dos Povos Kichwa do Norte (de Ibarra, trazidos para enfrentar os protestantes), dança alegre, comemorando a queda de Gutiérrez e a segunda fuga de Bucaram para o Panamá.

Com base na experiência, só se pode esperar que Alfredo Palacio (nos tempos de vice seguiu dedicado à sua prestigiada clínica de cardiologia enquanto fazia oposição ao presidente) também dure pouco no poder. Um dos principais jornais, o El Comercio, colocou em manchete: “Palacio inicia seu governo vigiado pelos cidadãos”. Para variar, anunciou a possibilidade de convocar uma Assembléia Constituinte (em cerca de 200 anos de vida independente a América Latina já teve mais de 200 Constituições) e em seu primeiro pronunciamento negou-se a fechar o Congresso, mas se mostrou partidário de que este se submeta “a uma autodepuração” sem explicar como ocorreria. A classe política, a mais detestada no Equador, ao forçar a queda de mais um presidente conseguiu livrar-se momentaneamente das acusações de ser a verdadeira responsável por esta nova crise e quer antecipar as eleições de 2006, mesmo sem oferecer qualquer garantia ao novo primeiro mandatário da nação de que poderá, afinal, governar.



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