A Administração de Serra
Filemon F. Martins
A administração do PSDB na cidade de São Paulo com o prefeito José Serra é bem recente, mas já é possível perceber os rumos que o partido pretende seguir. Do ponto de vista do povo, as reações não são nada boas. O prefeito, que em campanha eleitoral, havia prometido rever e acabar com a taxa de lixo e da luz, agora recorre ao Judiciário para continuar a cobrança tão criticada pela população e pelos tucanos na gestão petista.
A expectativa sobre o governo de Serra foi e continua sendo grande. Contudo, pesquisa feita pelo Datafolha hoje (19-04-2005) atesta que 37% dos entrevistados consideram ruim ou péssimo o desempenho do tucano. Segundo o Datafolha, “70% dos entrevistados acham que o prefeito fez pela cidade menos do que se esperava. A decepção é encontrada até mesmo entre os eleitores que dizem ter votado no tucano na última eleição – mais da metade deles compartilha essa opinião.”
Para o futuro, segundo a mesma pesquisa, “a maioria dos entrevistados ainda acredita que ele fará um governo melhor do que Pita, Maluf e Erundina. A expectativa em relação ao tucano só é mais baixa na comparação com Marta, já que 39% avaliam que ele fará uma gestão pior do que a dela.” O PSDB precisa encontrar, com urgência, um caminho melhor para administrar a Cidade e o Estado de São Paulo.
A austeridade, tão decantada em prosa e verso, com que o tucano prometeu administrar a cidade, aos poucos, vai dando lugar a frases de efeito eleitoral, com fatos e atitudes que contradizem as promessas feitas. Especula-se que o bilhete único, no transporte coletivo da cidade, que teve um avanço considerável na gestão petista, pode diminuir o tempo de 2 (duas) horas para apenas 40 minutos. Ora, se confirmar esta informação, o trabalhador estaria sendo lesado, porque os ônibus ou “vans”, como todos sabemos, demoram muito em seus trajetos e intervalos, o que tornaria impossível o passageiro usufruir deste benefício.
Anteriormente, o trabalhador pagava uma passagem de ônibus até um terminal e de lá tomava outro ônibus até seu destino final, sem que tivesse de pagar outra passagem. Hoje, o prefeito Serra teria modificado esta interligação. Se o trabalhador assalariado conta com o bilhete único (pagou com antecedência algumas passagens de ônibus), ele poderá usufruir deste benefício. Mas se pagou com dinheiro, mesmo estando dentro do terminal, não poderá continuar sua viagem sem antes pagar outra passagem, numa demonstração de que o alcaide está prejudicando o trabalhador e favorecendo os empresários do transporte coletivo da cidade.
Por outro lado, existem fatos relevantes que merecem destaque: nos idos de 1983 e 1984, o preço das passagens de trens para a periferia de São Paulo, custava metade do preço das passagens de ônibus. Hoje, (19-04-2005) com o controle da SPTRANS pela prefeitura e da CPTM pelo Estado, a passagem do trem custa R$ 2,10 e a do ônibus, R$ 2,00. Quanto à qualidade do serviço prestado, em se viajando de ônibus ou de trem, principalmente pela Linha Variante da Zona Leste da Capital, continua a mesma. Ou seja: lamentável.
Os trens que circulam hoje são os mesmos de 30, 40 anos atrás, não obstante o aumento da receita. Só mudou, é verdade, as catracas das estações onde a população paga R$ 2,10 para trabalhar e se locomover. A certeza que se tem é que os mais antigos administravam melhor, porque com menos dinheiro e sem nenhuma tecnologia, faziam mais do que nossos administradores diplomados de hoje.
Mas a esperança está aí. Nem tudo está perdido. O prefeito Serra está apenas começando. Vamos acreditar que ele e seu partido possam administrar a cidade com retidão e justiça para o bem do povo e da comunidade, porque para bajular banqueiros e empresários basta o PT.
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