DIÁSPORA(*)
No útero da mãe África
fervilham seios que amamentam os filhos do amanhã
e costuram os tecidos da verdade temporã na América
de tantos escravos e navios negreiros aportados
na escuridão de brasis , jamaicas , cubas e haitis
_ todos mortos pelas terras e serras maestras
de amanheceres construídos com baionetas e fuzis.
Em portos ricos e bahias,cantaremos a sorte
da sobrevivência sobre tanta morte.
No encontro com a terra te elegeremos _ ilê-ayê,
e flutuaremos ,como velas nascidas da renitência,
em aflitas razões , racismo e resistência ,
ao som de atabaques,tambores e tamborins
e também assim faremos um samba na Mangueira
ou entoaremos um blues em New Orleans.
Vasculharemos tudo:instintos,sentimentos,religiões,
raízes indevassadas e meras intuições.
De onde nos tiraram as verdades,
sucumbiram saudades e lamentos.
E depois,ainda mais escravidão.
No ruir de tudo,memória e banzo.
O novo mundo é quando ?
(*)Segundo lugar no VI Concurso Literário do Servidor Público do Estado do Rio de Janeiro , promovido pela Fundação Escola de Público(FESP)/Governo do Estado do Rio de Janeiro/l997.
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