Eu morri, quem está escrevendo este texto é a minha alma, meu corpo jaz a sete palmos debaixo da terra, já choraram por mim muito, algumas lágrimas de crocodilo, outras lágrimas de sangue.
Do que eu morri?
Não me lembro, mas lembro que não doeu, só senti uma fisgada, um beliscão no peito, e senti a vida me escapando pelas mãos, como se eu tivesse sendo esvaziado de alguma coisa e sendo enchido de outra.
A luz está presente por todos os lados.
A minha alma escreve palavras simples, como o meu corpo escrevia, palavras que dizem o que tem que dizer, palavras que são a condenação ou salvação de uma vida.
Ser uma alma a escrever parece algo estranho, tanta coisa a dizer a ao mesmo tempo nada a dizer, uma alma que consegue ver amor onde tem dor, lágrima onde tinha um sorriso, uma alma que não tem um corpo mas que estará presente no coração de quem na terra ficou.
Morrer não é tão ruim assim, mesmo que a vida terrena seja cheia de prazeres carnais, estar morto te poupa de dores carnais e voce passa de protagonista a espectador da vida.
É como assitir tv, voce sintoniza uma pessoa para assistir como sintoniza um canal, a vida da pessoa é um programa, consegue ler os pensamentos dela e tudo,é até interessante, embora eu ache que falta um pouco de interatividade.
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