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Artigos-->O CANTÃO TRANSFORMADO EM PASTO. -- 06/04/2005 - 01:00 (Mário Ribeiro Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O “CANTÃO” TRANSFORMADO

EM PASTO.



(REPRODUÇÃO PERMITIDA, DESDE QUE CITADOS ESTE AUTOR E O TÍTULO).



Mário Ribeiro Martins*





O “Cantão” é uma grande floresta nativa do Estado do Tocantins que se localiza na região da Ilha do Bananal às margens dos rios Araguaia, Coco e Javaés.



Tal é a beleza e a magnitude do CANTÃO que recebeu, faz algum tempo, a visita do Príncipe Charles, da Inglaterra. Lamentavelmente, pela falta de sensibilidade do Governador Marcelo Miranda e de sua Assembléia Legislativa, a área do Cantão foi reduzida em quase noventa por cento(90%) de seu território. O que vai sobrar dos 16.780.00 Km2? Praticamente 10%, o que não significa nada.



Este desastre ecológico é de responsabilidade do Governador, por ter enviado e sancionado o projeto. É de responsabilidade da Assembléia Legislativa por ter aprovado o projeto, sem ter ouvido o povo do Tocantins. Quando o povo menos esperou o projeto de redução da área já tinha sido aprovado na Comissão de Constituição e Justiça e a aprovação foi feita em duas sessões extraordinárias, sem que nenhum Deputado tenha pedido vista do projeto. Mas esta responsabilidade deve ser creditada também ao Presidente do NATURATINS, Isaac Braz Cunha que, querendo fazer “média” com o Governo, fala em estudos realizados, mas não os apresenta, fala em audiências públicas na região, mas não apresenta documentos de quantas pessoas teriam comparecido a estas audiências e nem o chamamento pelos jornais de circulação estadual.



O projeto de redução da área foi sancionado no dia 31.03.2005 e publicado no Diário Oficial no dia 01 de abril para beneficiar municípios como Abreulândia, Caseara, Divinópolis, Dois Irmãos, Monte Santo, Chapada de Areia, Araguacema, Pium e Marianópolis, cujos prefeitos- com a plantação de soja e a criação de gado- querem conseguir dinheiro fácil destruindo o verde.



O PROJETO CANGUSSU, ali existente, é de uma beleza ímpar. Nele esteve o Príncipe Charles. O Cantão, como se sabe, está localizado no oeste do Estado do Tocantins, numa área de cerca de 90 mil hectares, entre os municípios de Caseara, Marianópolis e Pium. No extremo norte da Ilha do Bananal, numa região banhada pelos rios Araguaia, Javaés e Coco, está o Cantão.



Os grandes fazendeiros e proprietários rurais da região estão destruindo o Cantão para plantar soja e criar boi. Se não respeitavam o Parque Estadual do Cantão criado há menos de dez anos(Lei 907, de 20.05.1997), muito menos vão respeitar agora que a área foi oficialmente reduzida.



Tão importante é o Cantão que o seu ecossistema compõe-se de uma grande mistura: amazônico, pantonoso e cerrado. Com os seus mais de 400 lagos, o Cantão é o berço de animais e plantas raras de singular beleza.



Infelizmente é mais uma área verde que se perde no Estado do Tocantins, sem que os especialistas em questões ambientais façam qualquer protesto. Nem mesmo o jornalista Washington Novaes, do jornal O POPULAR, que sempre faz comentários sobre o assunto, deu qualquer nota sobre o tema. Na verdade, entre as poucas vozes que se levantaram, destacam-se, além do Ministério Público Federal(o Ministério Público Estadual fez ouvidos de mercador), os Professores e alunos da Universidade Federal do Tocantins e o IBAMA.



As viagens de avião permitem ver o desastre ecológico que se está impondo sobre o Brasil, especialmente o Tocantins, por conta de “divisas” que estão sendo levantadas, não para o “bem estar social”, mas para o pagamento de uma dívida externa que todos sabem ser impagável, mesmo porque já foi paga várias vezes.



Em entrevista com o título “COMO O AGRONEGÓCIO ESTÁ DESTRUINDO O CERRADO”, o Frei Leonardo Boff, diante da pergunta “Como o senhor vê a Politica e o Agronegócio?”, respondeu:



“São fenômenos do capitalismo periférico avançado e selvagem. É um capitalismo que visa diretamente o lucro, com uma grande taxa de iniquidade social e ecológica. Chegam as grandes empresas com tecnologia de ponta, ocupam grandes espaços da natureza, arrasam com a biodiversidade, expulsam as populações tradicionais e tornam impossivel a agricultura familiar. Utilizando agrotóxicos muito poderosos, conseguem safras recordes de produção, toda ela destinada à exportação para alimentar animais da Europa e chineses da Ásia”.



“O governo brasileiro se sente constrangido e pressionado pela dívida externa e vê no agronegócio uma forma rápida de acumular dólares necessários para o pagamento de juros de dívida. Nada faz para impedir a devastação que implica o agronegócio, muito pelo contrário, facilita extremamente o trabalho de exploração, na medida em que isenta a soja, destinada à exportação, de todo e qualquer imposto. É um fenômeno só possível numa democracia débil, num governo relativamente fraco, que não negocia, não impõe limites a esse modo selvagem de produção”(O ESTADO DO TOCANTINS. Palmas, setembro de 2004).



O que se quer fazer no CANTÃO hoje é a destruição indiscriminada do verde. A área para produzir soja, depois de sua colheita, é uma terra arrasada. Não se vê mais pássaros e nem animais selvagens. Os pássaros não têm árvores para fazer os seus ninhos e os demais animais selvagens não têm as matas para se esconder.



Como se não bastasse, esses mesmos fazendeiros de soja querem agora(e para devastar mais), através da instrumentalidade da Deputada Federal Kátia Abreu, diminuir a reserva legal do Tocantins que é, atualmente, de 35% para apenas 20%, o que aumentaria muito mais, o desastre ecológico.



EM TEMPO: Felizmente ontem(12.04.2005), a Juiza Federal Denise Drumond, através de decisão, determinou a MANUTENÇÃO da Área de Preservação Ambiental da Ilha do Bananal e do Cantão, como antes estava, impondo ao Estado uma multa diaria de 100 mil reais, pelo descumprimento. Espera-se agora que os Tribunais de Brasilia não façam também "ouvidos de mercador", sem atentar para os interesses do povo do Tocantins e, quiçá do Brasil, que tem pelo CANTÃO um apreço todo especial.





*Mário Ribeiro Martins

é escritor e Procurador de Justiça.

(mariormartins@hotmail.com.br)

Home Page: www.genetic.com.br/~mario

Caixa Postal, 90, Palmas, Tocantins, 77001-970.

Fone: (063)3215 44 96. Celular: (062) 99779311.



















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