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Cordel-->Passando fome na sessão eleitoral -- 13/10/2002 - 20:32 (Airam Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Passando fome na sessão eleitoral

O doutô mandou pra mim
Um bilhete de daná
Pra eu ficá numa sessão
E de prisidente trabaiá
Mas quem trôxe o bilhete
Falou sem muito infeite
É melhor você ir lá!.

Fui eu lá para o fórum
Vê o qui o doutô quiria.
Precisando de um imprego
Achei uma maravia
Quando cheguei lá na praça
Me dissero é de graça!
Eu disse: Vige Maria!

Eu tô disimpregado
Já faz um tempão
Agora o doutô quer
Qui trabaio na inleição
Cum cargo de prisidente
Só pruque sou boa gente
Aqui na minha região?

Priguntei e o salário?
Quase manda me prendê
Disse qui era obrigação
E se apoderou do podê
Explicou qui o cidadão
Tem dever cum a nação
E nois tem de obedecer.

Eu arrespondi ancim:
E si nun fô trabaiá?
-Eu mando lá um soldado
Pra poder te visitar.
A justiça eleitoral
Tem esse poder fatal
É na hora que eu mandar!

Nunca li esse dever
Da gente poder trabaiá
De graça e sem comer
Sem direito a armoçar.
Será se nun se enganou
E as lei ele trocou
Pra nos poder calar?...

Mas aqui nesse Brasil
Eles é qui tem rezão
Qualquer coisa que falar
Vou direto pra prisão
Fechar a boca é o meio
Pois mosquito não tem freio
Ancim falou um cidadão.

Um cabra froxo quiném eu
Morador do interior
Só tem mesmo de obedecer
E fazer o que ele mandou.
Então eu fui trabaiá
Só para executar
As ordi daquele doutô.

E no dia marcado
Dia seis da inleição
Eu fui ser o prisidente
Da décima segunda sessão.
Fui trabaiá na marra
Largando minha farra
Pra dirigir a votação.

Cheguemo as seis e meia
A urna logo recebi
Saí tão cedo de casa
Qui nem um café bebi
As deis um pão foi chegá
Com um copo de guaraná
Pra nois qui istava ali.

Era eu e mais quatro
Trabaiano no ambiente
Mesários e secretários
Tendo só um suplente
Foram ali por merecer
E também pra poder vê
Como um faminto sente.

Esperemo o almoço
Qui nun quiria chegá!...
A barriga já roncava
E o povo a iscuitá
Uma hora se passava
A bóia nunca chegava
Para a fome nois matá.

Então deu uma e meia
E os inleitor a votar
Os mesários reclamando
Qui hora ia almoçar?
E treis horas chegou
E a bóia não sinhô!
Essa tava a demorar.

Será qui o doutô pensa
Que de regime nois está?
Nun faço greve de fome
Pur de graça trabaiá!
Além de nun ter salário
E com fome nesse horário
Sem ter a quem reclamar!

Inté que enfim as marmitas
Lá na porta apareceu
Mais quando abriro elas
Foi qui o chero recendeu
O feijão chegou azedo
E nois trabaiano cum medo
Do doutô qui nus elegeu!

Aumentou a agonia
E também o desespero
Pois a carne estava dura
E sem nenhum tempero
Eu digo para o senhô
Que mastigava um izopô
Tendo um gosto de gelo.

A tristeza dominava
Ali naquele ambiente
E para matar a fome
Uns bebia água quente
Eu que fui trabalhar
Não via a hora chegar
O final de um presidente.

E chegou as cinco da tarde
Um final de um mal dia
Preenchemo logo a ata
Todos de barriga vazia.
A urna logo entreguei
De raiva e bem vremei
Pela tal democracia.

Diz que democracia
É onde o povo é soberano
Obrigado a trabalhar
De estomago reclamando
Dia vinte e sete tem mais
Já me mandaram um rapaz
E um bilhete convocano.

Eu já me vou prevenido
Dessa vêis é deferente
Um cardeirão de mandioca
Vai pra mesa do presidente
Levo mantega e sal
Aí eu num passo mal
Nem mesários nem suplente.


Airam Ribeiro
1º turno da eleição de 2002.





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