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Cronicas-->Figurinha (ou a crise existencial do escritor babaca) -- 28/11/2001 - 13:48 (Luís Augusto Marcelino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
"Quando eu era pequeno..." Não, isto não é jeito de se iniciar uma crónica. A frase estava parecendo um simples relato de um episódio de infància. Cronista tem que ser pomposo. Há várias técnicas, mas no fundo o que eu estava querendo dizer era isso mesmo: "quando eu era pequeno...". Mas, se assim o fizer, meus críticos vão dizer que eu não tenho nenhum charme para escrever. Então tenho que encontrar outra maneira de iniciar. Vamos lá!

"A casa do Guilherme tinha garagem imensa e, quando o carro do seu pai não estava estacionado lá, entrávamos para bater e trocar figurinhas." Hummm... também não. Tive uma professora de Literatura que detestava quando as frases se iniciavam com artigo. "É muito fácil, muito simples..." Fiquei com isso na cabeça e, até hoje, fujo dos artigos e da simplicidade. Quero escrever como os grandes autores mundiais. A propósito, faz algum tempo que li um ensaio do FHC dos seus tempos de sociólogo. Cara, a coisa mais ininteligível que já vi na minha vida. Engraçado porque hoje eu considero que sua forma de se expressar é bastante clara e objetiva. Sei lá, vai entender.

"Leão, Roberto Dinamite, Dirceu, Nelinho, Oscar, Amaral, Zico, Rivelino. Eu tinha todas elas, e nunca as colocava para bater." Parece um começo interessante, diferente. Mas assim não vou atingir o público feminino em sua plenitude. Quem irá lembrar dos jogadores da Seleção de 78? Isto parece coisa de autor metido a besta. Sabe aquele cara que pega uma enciclopédia e recita uma ou duas frases de escritores europeus para demonstrarem sua vasta cultura? Isso irrita o leitor. Tenho que encontrar outro jeito. Que tal...

"Nunca fui bom em rodar pião nem em soltar pipa. No futebol, sempre ia para o gol ou ficava de fora das peladas, porque era considerado um prematuro cabeça-de-bagre. Mas quando o negócio era bater figurinha..." Também não dá! Já comecei dezenas de Cronicas de uma forma bastante parecida com essa. E aí vão me acusar de não ter criatividade, de não reciclar meu estilo. Está ficando cada vez mais difícil e meu tempo está se esgotando. Às vezes eu queria ter o dom de pensar numa coisa e, automaticamente, transpó-la para o papel (ou para a tela, o que estiver mais perto) sem ter a preocupação de ser espinafrado depois. Talvez os textos saíssem mais rapidamente e eu não ficasse me martirizando, apagando, voltando parágrafo a parágrafo, substituindo palavras e expressões, imaginando o que meus 7 leitores vão achar. Acho que estou ficando cri-cri.

"Quando eu era pequeno gostava de colecionar figurinhas de jogadores de futebol e de animais. Ontem vi meu filho contando suas figurinhas (aquelas que vêm com goma de mascar) e lembrei do meu tempo de infància. Senti saudade. Mas quando ele me chamou para bater figurinha, aleguei que estava cansado."

Bem, acho que era isso o que eu queria dizer.


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