Minha avó já dizia que “para morrer, basta estar vivo”, ou agora mais recentemente na frase de meus pais “a morte é uma das conseqüências da vida”,apesar de todas essas referencias ainda assim é complicado constatar que a morte pode pedir carona a qualquer momento na vida dos outros e na da gente.
Um, dois, três, quatro, cinco indiozinhos, os curumins, morrendo nos confins do Mato Grosso,no país em que sonhávamos com uma fome zero, é triste constatar que a Funai distribui cestas básicas para os índios pais de família das tribos e que estes trocam os alimentos por bebida, o leite que alimentaria as bocas famintas de seus filhos vira cachaça.
O Mal de Chagas matando os bebedores da doce garapa (curiosamente uma das primeiras palavras que aprendi a escrever na infância), o caldo de cana caiana ou não, líquido doce e contaminado no litoral de Santa Catarina, nem mais o caldo de cana que vai tão bem com pastéis(hummm, ainda mais se forem de feiras-livres e fritados por pessoas de olhos puxados) está a salvo de não nos matar.
Normalmente é a picada do barbeiro na pele que transmite o protozoário trypanossoma cruzi para a corrente sanguínea do infectado, mas as autoridades sanitárias catarinenses dizem que por uma terrível e macabra coincidência o contágio se deu pela possível moagem da cana juntamente com algum inseto.
Cenas de guerra no Rio de janeiro que deveria ser de fevereiro que na maioria das vezes é o mês do carnaval, batalhas nos morros que estão cada vez mais parecidas com uma guerra civil mal disfarçada, combates pelo restabelecimento dos hospitais cariocas em estado de calamidade pública o que explicita bem a índole de muitos políticos sempre preocupados em legislar em causa própria aumentando os próprios salários e muito pouco fazem pelo povo.Alguns discursos políticos são dignos de nojo e de náuseas.
E mais uma vez Terri, morrendo de fome e de sede, há quem diga que a vida dela não valha nada pelo fato de estar presa a uma cama (não compartilho dessa idéia) e de ter SUPOSTAMENTE alegado ao marido que não queria seguir vivendo feito um vegetal, (ele não tem como provar que ela tenha afirmado isso) e com a morte da mulher receberá uma vultosa quantia pela causa ganha ao processar médicos e hospitais por erro médico...mesmo que ela quisesse morrer e deixar seus pais sofrendo( “pior que um filho morrer é ele querer morrer”, trecho de um diálogo do pai de Sampedro personagem de “Mar adentro” filme que fala sobre eutanásia) deveria ter uma morte mais digna e mais suave por tudo que já sofreu.
Não creio que morrer de fome e de sede tenha sido a escolha de Terri, mesmo que ela quisesse de fato morrer e que tipo de marido é esse que deseja isso para a própria mulher? Dormindo com o inimigo.
A maioria de nós não escolhe a hora da própria morte e nem escolhemos como vamos morrer, mas se pudéssemos a maioria de nós escolheria morrer dormindo no quentinho da cama e de preferência já bem velhinhos....dói muito ver Terri definhando, só posso expressar minha indignação...quem tem boca para falar chega a Roma, quem tem mãos para escrever coloca na internet.