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Artigos-->Op. Ovo de Páscoa - Sete Peles -- 25/03/2005 - 00:41 (Duanne de Oliveira Ribeiro) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Lúcifer, representado em uma revista da linha Vertigo ("quadrinhos para adultos"), afirma que Jesus Cristo renascerá em Los Angeles, convivendo com guangues de rua, até perceber o que é. Vai acabar liderando uma coalizão verde-anarquista na Cozinha do Inferno, e ser beijado no rosto por um homem chamado Geldoff diante de uma equipe da SWAT de Nova York. E, como da última vez, nenhuma das instituições religiosas vai acreditar nele, assim como o governo. Ele, o messias que considera como fator motivacional primário da humanidade aquele sentimento famoso: o amor.

Já ressucitou. Passaram-se tantos três dias quanto um fiel pode contar; e tantos galos cantaram quanto o número de dias. Ora, vejam onde chegamos! Um texto sobre Jesus que usa das palavras do capeta, e, agora, um escritor agnóstico que começa a ficar místico. Mas não é por mal. O filho de José reencarnou em John Lennon que, com os Beatles, ficaram "mais famosos que" sua antiga forma. Que cantou que tudo que você precisa é amor, que espalhou mantras pela paz por jovens e jovens. E foi morto por um fã ("john lennon s life was no longer a debate", canta o Cranberries) - função parecida com a de um apóstolo. Jesus encarnou em Malcom X, disse em entrevista que seu povo devia evoluir só, crescer interiormente, para se juntar aos outros. Num dia de julgamento? E ele também foi morto. Mas se continuo com frases do naipe da última, me torno um demágogo.

Para que eu não fique só com os mártires - houve uma visão dialética em um texto antigo, sobre o "ame o teu próximo como a ti mesmo", que eu considero interessante. O que uma pessoa reserva a si mesma? Ouso responder por ti: o direito de escolher o que fazer de si, da própria vida. Liberdade - Marilena Chauí disse que é isso que nos difere dos animais. O cerne do amor a si próprio é deixar-se viver, lutar por isso. Isso vai acabar sendo o texto com maior intertextualização que já fiz: Voltaire defendendo o direito de falar o que se pensava, mesmo que fossem tolices; um texto da historiadora Michelle Perrot, sustentando que, em uma família atual, as pessoas desejam o ninho, e não o nó; o protagonista de Anos Incríveis, falando que devemos, às vezes, crescer em separado para podermos crescer juntos - acreditamos na distância entre nós, daquela música, daquela banda, o Capital Inicial. Ah, meu caro cristão - Jesus Cristo encarnou faz tempo em Alesteir Crowley, o alquimista que tomou o número da besta para si, e que parlava, e que escrevera que todo homem e toda mulher é uma estrela. Faz o que tu queres, porque é tudo da lei.

Mas há um abismo na definição do amor que pode levar à discussões inúmeras. Bastante mutável, esse sentimento, cheio das máscaras. Em um filme, "O Auto da Compadecida", uma personagem afirma que o filho de José aparece sobre diversas formas (assim como o Diabo, o Sete-Peles) para testar as pessoas, para dar-lhes a chance de serem boas. Se o amor nos é difícil, que tal tratar do ódio? Tendemos a imaginar George Bush como o Duende Verde, falando sozinho em frente ao espelho - mas ele tem cinquenta por cento de Jesus no sangue. Sua guerra fez com que se erguessem mais de trinta milhões de braços em manifestações. E os outros cinquenta por cento - um leitor mais perspicaz já sabe - pertencem ao Osama Bin Laden. Que fez com que outros milhões temessem, rezassem, escrevessem. Porque o escândalo é necessário. Ah, mas ai de quem trouxer o escândalo! No filme "Clube da Luta", a personagem Tyler Durden traz o escândalo. O Projeto Caos, de sua criação, exige o abandono dos bens materiais. Pede aos que aderem ao Projeto que deixem casa e pertences assim como Jesus disse aos apóstolos. Pouco antes ou pouco depois de dizer que não veio para trazer a paz. E sim a espada.

Um amigo explicou as religiões com uma metáfora bem feita: estaríamos todos em uma sala escura, com buracos pelas paredes. E cada um recebe, ou observa um dos feixes de luz que entram. Que provém do mesmo sol, mas que aparecem por lugares diferentes, como se fossem díspares. Este autor (por ora) demágogo e místico utiliza dessa falácia bem construída (como o autor mesmo descreveu) para que vejam as idéias de seu messias em volta. Nós, agnósticos, exigimos pirotecnia e deuses cuspindo na gente para podermos crer. Vocês não - e, eu, pela última vez, usando de sofismos: Jesus não citou rituais, nem roupas certas, nem nasceu em berço de rubis tão brilhantes como as estrelas. Não disse que viria idealizado, pronto para ser comprado no shopping. Ele só viria. Mantenha as lanternas acesas, aquele negócio da parábola do óleo, e tudo o mais.



(http://www.eutenhoumblog.blogger.com.br)
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