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Roteiro_de_Filme_ou_Novela-->O ESPELHO E A MÁSCARA -- 17/08/2002 - 21:11 (COELHO DE MORAES) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
O ESPELHO E A MÁSCARA
- baseado em Jorge Luís Borges –
Rei, Poetisa ( a cada aparição do poeta ele vem menos rico e mais doente)

Fusão de imagens de guerras (fotografias e desenhos e quadros, usando os recursos de fusão, principalmente os de fragmentar imagens), com pedaços do castelo ( o castelo será mostrado de partes de uma igreja escolhida). A Poeta (P) se aproxima. O Rei (R) fala:
R: As proezas mais ilustres perdem seu brilho se não se valorizarem as palavras. Quero que cantes minha vitória. Eu serei Enéias; tu serás meu Virgílio. Acreditas que serás capaz de cometer essa empresa que nos fará imortais os dois?
P: Sim, meu Rei. Meu nome é Ollana. Cursei métrica. Sei de memória as 360 fábulas que são a base da verdadeira poesia. As cordas de minha harpa tocam todos os modos gregos, todos os tons conhecidos e as variantes pentatônicas dos orientais. Vozes e metáforas, as doutrinas secretas da escrita secular. Conheço todos os mitos e todas as casas reais. Mestre na sabedoria das ervas, e nas virtudes canônicas. Sou Juiza e Kantor. Com a palavra eu posso alterar a saúde de um cidadão. Manejo a espada como um mestre de esgrima. Só uma coisa ignoro: agradecer o dom que me fazes.
R: Deixo-te um ano inteiro. Limarás cada letra e cada palavra. A recompensa será digna do meu real costume e das tuas inspiradas vigílias.
Narrador em OFF: (desenvolve-se a cena com a poeta se apresentando e iniciando sua fala decidida, ao mesmo tempo que cenas de quadros e guerras e fotos e o que tiver por aí fundindo com as imagens do Rei e da Poeta) Passou-se aquele ano. Cumprido o prazo que foi de epidemias e rebeliões a poeta veio apresentar a sua história. Declamou-o com lenta segurança, sem uma única olhada no manuscrito. Mesmo aqueles que nem ouviam o texto já davam seu assentimento. (o P finaliza).
R: Aceito o teu trabalho. É outra vitória. A guerra é o belo tecido de homens e a água da espada é o sangue. Se se perdesse toda a literatura que conhecemos nós a reconstituiríamos com a tua obra. Trinta escribas (entrega a obra ao assessor) a vão transcrevê-la 12 vezes. (pausa longa) No entanto. Nada aconteceu! (close no R) O sangue não corre mais apressado. As mãos não procuram os arcos. Ninguém desembainhou a espada. Ninguém empalideceu. Não ouvi um grito de batalha. Dentro do término de um ano, poeta, aplaudiremos outro poema. Por enquanto leva esse espelho que é de prata.
(passagem de tempo. A câmara como que voa pelos campos e dá a volta pelo tronco de uma árvore e retorna. O Arauto indica que o P está presente. P entra).
Narrador em OFF: (desenvolve-se cenas similares às anteriores, talvez mais bucólicas e pastoris. Detalhes na atitude do R) Outra vez cantou o rouxinol nas selvas frias e a poeta retornou com sua obra. Uma poesia menor. Um número menor de versos. A Poeta a lia com certa insegurança. Omitindo passagens, como se não entendesse o que estava escrito. A página era estranha. Não era a descrição de batalha. Era a própria batalha (escorre sangue dos papéis do P). A sintaxe e a gramática se alteraram. (A P finaliza. R conversa com alguns assessores que estão por perto).
R: Da tua primeira poesia eu pude dizer que era um feliz resumo de tudo o que se fez nessas terras. Esta segunda supera tudo e aniquila tudo. Suspende, maravilha e deslumbra. Servirá para os doutores e sábios, mas não para os ignorantes e comuns. Ela não será copiada. Guardaremos em cofre de marfim esse único exemplar. Da pena que produziu essa obra poderemos esperar ainda uma obra mais elevada. (sorrindo) Somos figura de uma fábula e é justo lembrar que nas fábulas prima o número três.
P: Os três dons dos feiticeiros, as tríades, a indubitável Trindade.
R: Como agradecimento pela obra composta toma esta máscara de ouro. (uma assessor entrega ao poeta que se retira)
Narrador em OFF: ( passagem do tempo através de imagens de astros e constelações mesma estrutura) O aniversário voltou. (a poeta entrando sem manuscrito e mais depauperada, parecendo cega. Ela para frente ao R).
R: Não executaste o poema prometido?
P: Sim (triste). Eu queria que Cristo Nosso Senhor tivesse me impedido.
R: Podes repetir para mim essa poesia.
P: Não me atrevo (o R olha para seus soldados e assessores).
R: Você receberá o que quiser.
(o poema é dito no ouvido do R. Close na boca, no ouvido, nas sobrancelhas, dito com muita dificuldade. O poema é muito curto. O R se expande em júbilo. Ambos se olham muito pálidos.
R: Nos anos da minha juventude (interagem as cenas de fotos , quadros e figuras escolhidos a dedo para o momento) naveguei na direção do fim. Estive em ilhas em que cães prateados matavam javalis de ouro; em outras onde comíamos apenas a magia das maçãs; em outra eu via muralhas de fogo. Na ilha mais distante cheguei a ver um rio abobadado que subia aos céus. Todas essas maravilhas não se comparam ao teu poema. Que feiticeiro te forneceu essa inspiração?
P: Pela manhã eu despertei dizendo umas palavras que eu não compreendia. Era um poema que só de se falar nele já se pecava. Senti que a alma ardia. Daqueles pecados que o Espírito não perdoa.
R: Você sabe que agora teremos de expiar esse dom. Contemplar a Beleza é um dom vedado aos homens. Eis o teu último presente.(o R vai tirando do cinto). Era o que te faltava. (puxa uma adaga. O R se levanta transtornado enquanto sai, deixando mantos, cetros e coroa pelo chão, indo para a rua, a P se mata em pleno palácio).
FIM
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