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Artigos-->Humanos quase extintos -- 23/03/2005 - 19:20 (Paulo Milhomens) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Imagine que viajar seja uma das melhores coisas que podemos fazer na vida. Antes disso, claro, suprir as necessidades materiais completas de uma existência individualista e imediata. Sem nós nem dó, a valorização humana em seus diversos gêneros tornou-se objeto de um planeta repartido culturalmente ( motivo esse afinal, para conflitos étnicos e militares ), carregando um nível de desespero global em todos os níveis. Nem tudo é ruim, mas estamos no século XXI, na era do medo, provocado pelos mais notáveis mecanismos de manipulação que podemos conceber para manter a indiferença frente à destruição da própria espécie. Isso é tudo? Segundo uma pesquisa feita pela revista norte-americana "National Geographic", em setembro de 2003, através da ONU – Organização das Nações Unidas , o mundo contava com 27 milhões de trabalhadores escravos espalhados pelos cinco continentes. Viajemos pelas estatísticas do absurdo: a escravidão por dívida foi detectada nas regiões mais pobres do planeta ( África Oriental, leste europeu, sul da Ásia e América Latina ) como uma das principais forças da exploração humana pelo capitalismo. Casos de algumas etnias da Índia que escravizam mulheres e crianças através de outras castas nos serviços de carregamento de pedras em minas. Mulheres que são vendidas por traficantes para se prostituírem na Bósnia e na Krakóvia ( ex-república Soviética ) e ficam presas por seus donos. Crianças fabricando tijolos em olarias no interior da Somália, trabalhadores transformados em reféns em fazendas de gado e na extração de madeira vegetal no sul do Pará, Brasil. Plantadores de cana-de-açúcar na Guatemala, tendo os filhos vendidos para agruparem as fileiras de camponeses pobres nos latifúndios de monocultura. Desse total, incluímos o trabalho informal ( que na sua origem abarca o trabalho escravo em diversas circunstâncias ) crescendo paralelo ao avanço do neoliberalismo, e nas grandes metrópoles, tornou-se regra no cotidiano pela sobrevivência. Outra viajem sombria é saber que isso tudo gera uma equação ainda pior: cerca de um terço dos habitantes da Terra vivem com menos de dois dólares por dia, ou seja, 2 bilhões abaixo da linha de pobreza, sendo que somos atualmente 6,5 bilhões de pessoas.



Viajemos por mais uma escatológica estatística da pobreza: segundo dados da CEPAL – Comissão Econômica para América Latina e Caribe, cerca de 44% da população latino-americana não possui moradia fixa e vive em favelas, ou seja, a falta de emprego, de perspectiva e a educação ineficiente geram o nomadismo das grandes cidades. O sacrifício humano através da economia emergente produz aspectos de sobrevivência em níveis alarmantes dentro do capitalismo atual. Vejamos, por exemplo, a capital São Paulo. Em uma reportagem publicada pela revista "Caros Amigos", em janeiro de 2005, a jornalista Natalia Viana expôs em linhas claras a vida do subemprego paulistano. Disfarçada de diarista à procura de trabalho, circulou pelas regiões mais movimentadas da cidade e viu de perto a miserabilidade das condições empregatícias impostas aos candidatos que fogem do desespero. As situações são as mais variadas: ameaça psicológica, salários que beiram diárias mínimas por dia de serviço, falta de segurança, aliciamento e prostituição, entre outros. O mais notável foi a constatação da análise de causa defendida pelo psicólogo Fernando Braga, da USP, sobre sua dissertação de mestrado entitulada "Pessoas invisíveis", referindo-se a padronização de uniformes utilizados pelos garis. Natalia passou dois dias distribuindo panfletos para uma pequena empresa e concluiu que ao usar uniforme, tornava-se mais indiferente pela multidão. Embora a escravidão exista desde épocas imemoriais, a moderna apresenta inúmeras novas facetas de subordinação moral e intelectual. Problemas com distribuição de renda e socialização nos meios de produção geram a exclusão digital e educacional. Isso é um fato. Prova disso é a massificação de determinados produtos tecnológicos ( como os telefones celulares ) que barateiam seus preços num prazo curto para aquisição de serviços. Antagonicamente, milhões de pessoas no planeta nunca possuíram o aparelho e nem vão acessar a Internet. A modernização dos bens e seu lucro, se dá com a exploração humana engendrando uma falsa ideologia de que tudo é "válido" e "normal" para o crescimento das indústrias. Não esqueçamos que parte do lucro das grandes empresas é fornecido pela pobreza da mão-de-obra barata e volátil.



Realmente, viajar pelo mundo atual é interessante. Sombrio mais ainda. Acho até que você é um escravo... Eu sou!

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