Usina de Letras
Usina de Letras
263 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62171 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22531)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50575)

Humor (20028)

Infantil (5423)

Infanto Juvenil (4756)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6182)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->MIGUEL GUARANI - UMA BIOGRAFIA 2 -- 17/03/2005 - 17:22 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
MIGUEL GUARANI, UMA BIOGRAFIA (2)



Francisco Miguel de Moura *





Uma bela manhã de verão Sinhô do Diogo começa a executar seu plano de fazer de Miguel, o mais franzino dos filhos, um professor. Pega a carta de ABC, passa-lhe a tarefa.

– Quando eu chegar da roça, quero ver o que aprendeu.

À noite, Sinhô chega e chama o filho. Pede-lhe conta da lição, como havia prometido. Para sua surpresa, o menino – devia ter entre 6 ou 8 anos – soube todas as letras do ABC na carretilha. Examinadas uma a uma e salteadas, reconheceu todas. Sinhô animou-se. Nos dias seguintes passou-lhe a “carta de sílabas”, a “de nomes...” E em menos de um mês a leitura ia desembaraçada, lia uma carta e desenhava outra. Depois Miguel enfrentaria a “carta de tabuada” – somar e multiplicar, com a mesma inteligência, sem fazer corpo mole. Nem podia. A disciplina do velho era dura. Se não desse para as letras ia para o cabo da enxada, da foice e do machado, na derruba do mato para o plantio de mandioca, na “Serra”, de sol a sol.

Mas não só de trabalho era a vida do velho Sinhô. Gostava de festas. Aniversários, batizados, casamentos... Festas de arromba. Muito leitão gordo era abatido. As mulheres da casa preparavam os quitutes, faziam o chouriço (um doce preparado de farinha com o sangue do porco, temperado com toucinho e outros temperos), uma das comidas mais gostosas do Nordeste. Havia danças também. O Diogo conheceu dias felizes quando Sinhô descobriu e começou a explorar os “Gerais”, estabelecendo roças no lugar “Caldeirões”. Os invernos eram bons, o rio botava água no inverno; na seca, no seu leito plantavam-se vazantes de alho, cebola e batata – produtos de mercado, de onde se apurava dinheiro na feira de Picos, aonde se ia também comprar as fazendas (tecidos), roupas, chinelos, sapatos, chapéus, e outras mercadorias. E essas viagens a Picos, em lombo de animais, eram uma odisséia. Contavam-se histórias fabulosas aos filhos, sobrinhos e netos.

Assim era o Diogo daquele tempo, onde passou Miguel sua infância, adolescência e mocidade, também indo a festas como os rapazes e moças da época, com toda descrição e o cuidado dos pais. Principalmente as moças.

Sinhô do Digo teve uma filha fora do casamento, de nome Anísia, conhecida como Anisinha, homenagem a Anísia Rosa de Moura, filha do casal. Havia, então, se tornado senhor do Diogo, literalmente, aonde chegara ainda rapazinho e se, casara com Rosa, uma das filhas de Quincas Chaves: O maior proprietário das terras, o maior lavrador e muito benquisto. Diferentemente dos demais proprietários locais, que reservavam as moças para os serviços de casa, ficando para os homens as tarefas pesadas da roça, ele colocou todas (eram seis) no eito.

Sinhô do Diogo não criava gado. Criava porco, cabras, ovelhas e outros bichos miúdos. Se muito, possuiu uma ou duas vacas leiteiras para o consumo da família. Gostava de caçar e sua casa era abastecida de carne de caitetu, tatu, onça, tamanduá e outros animais da floresta dos arredores ou mais distantes.

Era assim o Diogo de Sinhô e de Miguel Guarani.



______________

*Francisco Miguel de Moura é escritor.





Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui