José, Pedro e Maria. Luiz, Severino e João. Francisco, Antônio, Damião. Raimundo, Cícero e Nonato. Do Ceará ou Maranhão. Da cidade ou lá do mato. Severino do sertão. Pernambuco ou Paraíba. Conterrâneos ou não. Todos são brasileiros. Cada qual com seu destino. Cada qual na sua fila. Cada qual bom companheiro. Com juízo ou sem juízo. Sua sorte e seu destino. Nesse mundo traiçoeiro. Governar não é preciso. Tudo sujo, muito imundo. Quer se chame, ou não, Raimundo. Tal e qual o Severino. Que chegou a presidente. Presidente do Congresso. Sempre a favor do recesso. Na fila por ministério. Já arquivou o processo. E luta pelo aumento. Da verba de gabinete. Dinheiro pra lá de grande. Que não passa pelo buraco. De uma agulha pequena. Do tamanho do alfinete. Conforme ensina a Bíblia. Dinheiro pra gente rica. Que a todos edifica. Com a verba de gabinete.
Enquanto o “Bil”, o Severino. O Severino, pedreiro. Acostumado à dureza. Na fila e no sol quente. Não agüentou o batente. E caiu lá na calçada. Pela espera demorada. Botou as cartas na mesa. Sentiu a dor da indiferença. Tanto trabalho, pra nada. Aproximou-se a tristeza Situação que irrita.. Foi lhe fazer a visita. Tanta vida foi embora. E agora, no fim do dia. Quando já se preparava. Pra receber seu quinhão, a sua aposentadoria. Morreu de decepção. A fila da imprevidência. Parou o seu coração. E de alguns mandatários. Dessa imensa nação. Menos um voto, por certo. Para a próxima eleição.
E agora. José? Zé de riba, Zé de baixo. Zé de todos os prazeres. Zé de todos os poderes. De todos os sobrenomes. Que estiveram ou estão. O que fazer? A festa acabou. A fila continuou. E as pedras no caminho derrubaram o Severino. Logo ele, o pedreiro. O nosso bom companheiro. O nosso prezado irmão. Que não voltou para casa. Nem recebeu um tostão.
E agora, José? E agora Marília de Dirceu? O que de fato aconteceu? Ou tem acontecido ? Quem irá para a Previdência ? Quem será o escolhido? Quem será o preferido? Quem acertará no alvo? Quem dará o primeiro tiro? Não me fale em Waldomiro!
Quem resolverá a questão? Do déficit crônico. Da má gestão? Da falta de fiscalização. Tal qual as matas da Amazônia. E as reservas do sertão. De Manaus até Belém. De casos que vão além. Da nossa imaginação.
E agora, lá no céu. Morada do nosso Francisco. O nosso Chico ausente. Diz pra nossa missionária. Se o Brasil ainda tem jeito. Se existe alguém de respeito. Capaz de mudar essa história: que o povo é demente;que não tem boa memória; Vive em fila permanente; sem dinheiro e doente. Buscando, todos, a sorte. Votando pra presidente. Elegendo. Deputado. Senador e até suplente. Cuja grande maioria. Não tem graça, não sorria. Não faz nada pela gente.
