Ribeirão Preto, no próximo ano, festejará o seu sesquicentenário. Quando me ponho a pensar, comparo sua idade com as demais da região e noto que o “patrimônio” histórico que tanto falam tem a metade da idade de fundação. O quarteirão paulista, creio que nos deve muita coisa de sua história. Sabemos que dois prefeitos, simultaneamente, eliminaram monumentos e palacetes... Relendo as edições de centenário do jornal A Cidade e juntando com os causos que ouvi dos meus antepassados, descubro coisas que, talvez, se concluir, “HISTÓRIAS DE PAI PARA FILHOS” meus conterrâneos possam ler. Veio-me às mãos, ao remexer meu danificado arquivo, uma página (última de caderno) de A Cidade 25/12/77, com a manchete “ é provisória a troca dos postes da esplanada do teatro Pedro II”. Os postes originais que foram retirados nunca mais voltaram e ficaram desiguais. Na esquina da choperia, o que foi retirado, nunca foi recolocado. Os postes idênticos aos que foram na totalidade retirados da avenida 9 de julho davam vida ao quarteirão que, hoje, foi rebuscado e nada tem a não ser as fachadas de originais, sem contar que foram caiadas. A secretaria de Obras nunca preocupou-se com isto. Muita coisa ocorreu pela cidade do centenário para cá. O velho padre Euclides foi expulso da Saudade, a d. Pedro I perdeu suas ilhas, a pracinha Antonio Prado foi fechada ao povo, a Estação Barracão ficou no abandono, as Palmeira do Preto continuam sem cuidados, a praça Camões perdeu sua antiga beleza, o coreto da Aureliano Gusmão foi destroçado pelo modernismo, as praças XV e Carlos Gomes ficaram mais esquisitas e menos originais e os calçadões centrais não passam de uma quermesse diária.
A avenida nove continua com o mesmo descuido de cinqüenta anos atrás. O obelisco histórico nunca mereceu um polimento natural. Só faltam fazer o que foi feito com o soldado da praça XV... A velha sirene da cervejaria se foi e os relógios de suas torres. A UGT reformada, não me seduz. Fizeram com ela o que alguns fazem na Jerônimo Gonçalves: tiram datas, títulos e iniciais que, fixam a história de suas histórias.... Tudo isto fica igual o cemitério da Saudades que toda arte sofrida pelo tempo não é recuperada. Ribeirão Preto, capital do interior paulista, precisa de mais amor por suas coisas. Não é só cantar o velho hino... Os monumentos se vão, a velha história desaparece e, quem gosta de fachadas é o conselho de Cultura e Patrimônio Histórico.
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