Quem será essa mulher,
Que no ônibus eu avistei,
De uma beleza cruelmente bela?
Quem será essa mulher
Cujos olhos castanho-esverdeados,
Como dois sóis abrasantes,
Calcinaram-me
E cuja pele clara-acobreada,
Como uma espada reluzente,
Lancinou-me?
Quem será essa mulher
Por quem, num repente só,
Escrevi um poema, um conto e uma novela,
Choquei meu automóvel contra um muro,
Atirei-me do último andar de um edifício
E tomei um cálice de veneno?
Quem será essa mulher
A quem deixei passar ao meu lado
Sem dizer-lhe uma só palavra
E que, talvez, jamais reveja?
Se alguém souber quem é essa mulher,
Por favor, ligue para o meu telefone:
Nove um treze zero cinco trinta e um,
Dê-dê-dê sete um.
Salvador, 10 de Março de 2002
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