http://planeta.terra.com.br/arte/vaniadiniz
O quintal da casa de meus avós,
Foi um dos encantos
De minha infância turbulenta.
Brincávamos, brigávamos
E voltávamos a brincar.
Tudo ali era atração e liberdade.
Correr, gritar, suados e barulhentos,
O pé de carambola acima,
O espaço livre e limpo,
A babá vigiando nossos passos,
Vozes agradáveis lá dentro,
E o lanche gostoso mais tarde.
O aroma de bolos e salgados,
As mesinhas para os pequenos
Em dias de verão,
No quintal barulhento.
As crianças pulando,
Os jovens conversando.
Risos e confusão.
Choros e agitação.
Nervosismos tratados com carinho.
Alegrias compartilhadas
Presentes recebidos,
Em gestos de afeição.
A cadeirinha disputada,
Os balanços ritmados,
As carambolas vez por outra
Caindo na platéia.
E o gargalhar assustado,
Risos acompanhando.
Os adultos vinham ligeiros,
Fumavam ou discutiam,
Nos puxavam afetuosos
Para um abraço eventual.
Entravam e recomeçavam
A animada conversa.
E o quintal maravilhoso,
Congestionado
de petizes brincalhões,
Continuava no ritmo alucinado.
O banco de cimento,
Os ladrilhos vermelhos,
E o agrado da babá.
A noite chegando,
Os garotos sonolentos,
Os olhos vermelhos e fechando,
E o quintal testemunhando,
Vida livre e espontânea.
O tempo passaria,
A saudade então viria,
Mas nunca esqueceria
O encanto do quintal.
O quintal daquela casa
Era um mundo especial,
Hoje o recordo
Tantas vezes e tão profundamente
Que as lágrimas
Descem lentas, deixando entrever
Em seu brilho, o reflexo do quintal.
Vânia Moreira Diniz
|