Eu fui ao Rio Grande
Exatamente à Gramado
Lá eu montei num Crioulo
Ninguém estava pelado
Fizeram uma grande manchete
Que quase me sinto chacrette
Do nosso saudoso Abelardo
Eu que nunca discrimino
Animal ou cidadão
E não gosto de mentira,
Era forte o Crioulão
Quando o quiz inquirir
Ele não se fêz sentir
Parecia assombração
Mas logo no dia seguinte
Me chegou intimação
Do tal direito humano
Eu iria pra prisão
Era uma coisa fatal
Preconceito racial
Mesmo sendo um Crioulão
Diante do Delegado
Eu danei-me a explicar
Tudinho, tim tim pot tim tim!
Não monto no Ceará
Lá tem de bom galope
Mas não tem daquele tope
Que tem nas bandas de lá
Foi só por curiosidade
E paguei para montar
Num Crioulo preguiçoso
Qua ainda quiz me esnobar
Quase me joga no barro
De outra vez eu vou de carro
Para não mais complicar
Eu não gosto de pirraça
E não quero ser o tal
Comigo a coisa é na certa
Mato a cobra e mostro o pau
Não ando com muita pressa
E se o caso te interessa
Vais ver, não sou marginal
Crioulo é um cavalo
De uma raça lá do sul
Me desculpe Delegado
Por não ter o olho azul
Se tu queres me deter
É melhor que vá prender
O dono da Serra Azul