Quando o amor começa envolve todo nosso ser e nos arrasta num redemoinho.
O ser amado está presente em nossos pensamentos em todos os momentos.
Dormimos, acordamos, tomamos café, almoçamos, jantamos, respiramos o tempo todo pensando nele.
Depois de algum tempo, toda aquela emoção e vontade de estar ao lado da pessoa amada vai diminuindo e a presença dela torna-se indiferente para nós.
Passado mais algum tempo a presença do outro vai se tornando incômoda e começamos a criar pretextos para nos afastarmos.
Se surge outra pessoa que desperta a nossa admiração todo este ciclo de paixão, indiferença e insatisfação se repete.
O que foi que aconteceu?
Continuamos os mesmos. Por que mudam os nossos sentimentos?
Será que no final, da mesma forma que no início, uma descarga de hormônios inunda nossas artérias, só que agora com efeito contrário, estimulando nosso cérebro para rejeitar o outro, dando oportunidade para que novos atores entrem em cena, diversificando a descendência de cada um, tornando mais rica e variada a espécie?
Ou tudo não passa de comportamentos semi-inconscientes culturalmente induzidos e que poderiam ser modificados através de decisões conscientes?
Vou passar o resto da minha vida em dúvida, embora a minha inclinação seja para considerar que somos escravos dos nossos genes. O que seria, para alguns, uma boa desculpa para justificar a minha inconstância.
Recife, 24/02/05.
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