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Artigos-->Velha Democracia Brasileira -- 24/02/2005 - 00:24 (Vitor Gomes Pinto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
VELHA DEMOCRACIA BRASILEIRA



Vitor Gomes Pinto

Escritor, Especialista em Relações Internacionais





Ah, a democracia representativa brasileira. Cada vez que é desafiada volta-se para si mesma e reassume suas mais antigas tradições que, afinal, lhe dão segurança. Mudar, revolucionar as estruturas, inovar? É como a história do ocioso profissional: “quando dá vontade de trabalhar, viro-me na cama e espero até que a vontade passe”. Há algum tempo cheguei a iniciar um projeto de novo livro com este curioso título: “O nome do presidente é Dom Pedro”, achando que simbolizaria bem a prática política nacional na qual muda o presidente (fica mais gordo ou mais magro, baixinho ou altão, tende um pouco à esquerda ou parece que de fato é da direita, põe e tira o bigode) e o nome do partido, mas a impressão é de que o país segue no mesmo compasso, qual o samba de uma nota só.

Tudo voltou à tona com a surpreendente eleição do malufista (até a pouco, pelo menos) Severino Cavalcanti para a presidência da Câmara na madrugada de 15 de fevereiro. Primeiro veio a reação desmedida, indignada e por vezes preconceituosa da grande mídia. Esquecendo que o país tem um torneiro mecânico bem sucedido como presidente, um comentarista da Folha no dia seguinte quis arrasar o baixo clero descrevendo seus componentes como “pessoas que vestem ternos mal cortados (quem seria o modelo neste quesito: Heloísa Helena?), têm os dentes emendados – sic -, sapatos de má qualidade”. Em seguida confunde o “Brasil profundo”, que é a raiz, a essência da nação, com o que chama de política dos grotões, de onde viria o pernambucano Severino (o pessoal de Luís Alfredo não gostou) que não passou do 2º grau, mas nunca ficou sem mandato desde 1962 e é uma elegância só..

Seguiu-se um caos generalizado (imaginem quando surgir um problema de verdade) nas hostes do governo e seus aliados ou dependentes. José Genuíno e Aldo Rebelo, entre outros, continuam seriamente ameaçados de perder suas posições. Contudo, coube a um oposicionista aproveitar o momento de comoção política para propor um arranjo que faria inveja aos melhores estrategistas pátrios desde o Império. Hélio Jaguaribe, assessor de alto nível de FHC e renomado cientista político, defendeu no Jornal do Brasil a necessidade de “convenientes (e congruentes) alianças políticas”, recomendando que Lula tome a corajosa decisão de construir a aliança entre “os dois movimentos social-democratas, ou seja, o PT com o PSDB”. Na verdade, esta é uma proposta que não só vem sendo tentada pelos dois lados desde o governo anterior, como tem grandes chances de se concretizar, considerando que é exatamente este tipo de “solução” que ao longo da história política brasileira e em especial no período republicano resolveu os nossos problemas, impedindo radicalismos ou o prolongamento de experiências mesmo que longinquamente revolucionárias de direita ou esquerda. Afinal, tudo se ajeita, com os adversários de ontem tornando-se os aliados de amanhã.

Vamireh Chacon, em sua História dos Partidos Brasileiros, recorda a afirmativa de Soriano de Souza no aparentemente distante 1876: “nada mais parecido com um conservador do que um liberal no poder, nem mais semelhante a um liberal do que um conservador em oposição”. O Brasil, desde então, já experimentou cerca de 115 partidos políticos ou agremiações similares, incluindo o mais recente, o PSOL. A proposta é tentadora. Seria, convenhamos, uma solução mágica e imbatível para o próximo período governamental: uma chapa com Lula na cabeça e um ilustre peessedebista como vice. Uma vez mais a oposição viável deixaria de existir e, já que o pessoal não é de correr riscos se possível for evitá-los, por que não topar? Em outras páginas, a mídia comenta, entre vários assuntos, que o brasileiro suporta o peso recorde de 74 tributos, a brasileira Irmã Dorothy (naturalizada) morreu, está difícil de solucionar o crime porque as polícias estadual e federal brigam entre si e a situação fundiária no Pará segue na mesma. O Brasil? Ora, o Brasil. Ganhemos as próximas eleições para, então, salvarmos o país.

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