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Artigos-->OS ESTIGMAS, UMA ESTÓRIA -- 18/02/2005 - 23:13 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
“OS ESTIGMAS” – UMA ESTÓRIA



Francisco Miguel de Moura *





“Os Estigmas” é um romance ou uma novela (o que em português quer dizer quase o mesmo). Ele começou a ser escrito em 1964, ano em que me transferi para Teresina, mas só viria a concretizar-se editorialmente em 1984, vinte anos depois, portanto. No mesmo ano, o editor Benedicto Luz e Silva (Editora do Escritor, São Paulo), fez-lhe uma segunda edição. São passados outros vinte anos para termos esta, que é a terceira. Como o escrevi? (O leitor é sempre curioso.) Comecei a escrevê-lo na primeira pessoa até o capítulo 10 (p.56), quando me adverti que estava escrevendo memórias e não ficção. Voltei a reconstruí-lo na terceira pessoa, evidentemente que modificando alguma coisa da história, pois não se mexe na forma que o conteúdo não se altere. É então que a criação flui no meu estado de espírito até o fim. O propósito inicial era não deixar morrer nenhum dos personagens. Os leitores vão observar que isto não se cumpriu, faleceram dois os protagonistas, exemplo evidente de que o criador nem sempre domina suas criaturas.

Assim, “Os Estigmas”, na minha visão, não é autobiografia nem memorialístico, muito menos um livro de contos, como supôs Manoel Lobato. Por ter seus capítulos bem acabados, na verdade ele enganou-se. No seu curso, crio e entrelaço algumas vidas como deve ser o romance moderno – em Conceição, Picos e Teresina – à base mais da psicologia dos personagens que do meio sociológico. Embora assim, pode ser considerado um romance de Teresina, cidade que elege para seu mais decisivo espaço. Digo romance psicológico porque aquelas vidas seguem seu destino e não se realizam senão através de suas frustrações – seus estigmas. Um romance de atmosfera, como bem o disse Luz e Silva, que se desenvolve lentamente, mas com as qualidades de estilo e correção adquiridas durante mais 20 anos nos quais passei a reescrevê-lo para mais este brinde ao leitor. Influência de O. G. Rego de Carvalho e de Fontes Ibiapina, recebi, não nego. Porque foram autores com quem privei nos primeiros tempos de leitura e convivência. Mas consegui ser eu mesmo, original em “Laços de Poder” e “Ternura” e, antes, nos livros de poemas – assim atestam os críticos – situando-me numa encruzilhada entre o clássico e o popular. Conduzi-me, no fundo, por uma visão de mundo fatalista, o que torna o romance um pouco nublado, embora escrito com clareza e a maior consciência do que vem a ser uma obra de arte de ficção. Sua estrutura é realmente inusitada: o morto (Ciro) fala através de Maria das Graças (que também morre) no final. E os leitores, dessa forma, recebem uma verdade de terceiro grau, numa tessitura que se apresenta de forma natural e crível – o que é incrível.

Não é proeza fácil, morar entre duas figuras ímpares do romance acima mencionadas, não ser comido por uma ou por ambas e transformar-se, ao invés, numa excelente alternativa ao criar uma terceira via que é, segundo a estupenda imagem de Guimarães Rosa, uma terceira margem do rio.



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