Preconceito, despeito ou interesses prejudicados. Não pode haver outra explicação. Antes das eleições, ninguém dava ouvidos ao deputado Severino. Nas entrevistas, o clima irônico e jocoso acentuava a descrença. Até que o jogo chegou ao seu final e Severino deu de goleada na seleção de arrogância e de pretensão dos adversários: transformar a casa do povo na casa da mãe Joana.
Hoje, Severino ocupa o terceiro cargo mais importante da República. Eleito por larga maioria. Mas a imprensa, de modo geral, parece que faz ouvidos de mercador, diante dos fatos, concentrando suas baterias para o aumento salarial dos parlamentares; promessa de campanha do deputado Severino. Como se o deputado fosse o único a prometer reajustes de vencimentos. E como se esta promessa fosse a única feita pelo parlamentar.
Não se dá notícias, por exemplo, de que o deputado Severino não concorda com o excesso de medidas provisórias, posto que engessa e enfraquece o Poder Legislativo; e é contrário aos termos da MP 232, que aumenta em cerca de 10% a carga tributária das empresas prestadoras de serviços.
Até a sua condição de pouca escolaridade e de católico fervoroso, tem motivado críticas, com ênfase em relação ao aborto, ao homossexualismo e questões afins, inseridas na doutrina da religião que professa o deputado Severino. Posições, aliás, coerentes com as da Igreja Católica.
Nada foi dito acerca do caráter e do comportamento do Severino. Como cidadão e no exercício parlamentar, durante décadas de atividade política. Não se conhece, contra o deputado, registro de recebimento de propina de bicheiro; nem de seu envolvimento com o caso do placar eletrônico da Câmara; tampouco que seu nome conste de listas de escândalos como o do orçamento”, da CPI do Banestado e outros do âmbito do Executivo: Previdência Social, SUDENE, SUDAM, DNER, Vampiros, Gafanhotos e tantos outros.
O alvo preferido das críticas resume-se na promessa de aumento de salários. Aliás, no limite proposto pelo presidente do STF. Poderíamos esperar para ver em que condições esta promessa se efetivará. Se a medida implicar maior rigor no exercício das funções parlamentares, e ocasionar melhora no desempenho da Câmara, não vejo problema. Gasta-se muito mais para angariar aliados e aprovar projetos nem sempre benéficos à população. Sem contar com os milhões de reais que são desviados no trajeto para os beneficiários de programas sociais do governo; e também, em relação aos bilhões de dólares que estão em paraísos fiscais, enquanto as investigações são arquivadas, como sempre, fora de ordem, para que nunca mais sejam encontradas.
Gasta-se muito mais com o pagamento do serviço da dívida pública cujo montante, em janeiro deste ano, atingiu o patamar de R$ 826 bilhões. Enquanto o Banco Central continua aumentando a taxa Selic, agora em 18,75%, decisão que elevou o endividamento do governo em R$2,3 bilhões. Honestidade de propósitos na hora de criticar e oferecer sugestões é o que se espera de todos. Afinal de contas, ninguém é perfeito. E, dos males, é preferível, sempre, o menor.