IMPACIÊNCIA
J.B.Xavier
Quando meu coração verga
Sob o peso da dor,
Talvez os silêncios digam mais
Que o desconforto da complacência...
Talvez na impaciência,
De não ter silenciado, eu te disse
Mais do que deveria...
Mas que fazer, quando o pulsar das minhas veias
Me traz os ímpetos dos instintos,
Me faz te querer até à demência!
Como então, falar de paciência?
Quando meu coração sente a brisa
De tuas resistências, quando te guardas
Sob o escudo da candura,
Talvez os silêncios digam mais
Que tuas palavras,
Quando das lavras de tuas aspirações
Nascem teus sonhos,
Quando me infiltro em teus pensamentos impuros,
Talvez eu devesse silenciar,
E assistir à distância esse pulsar
Revigorante de vida!
É que te amar é uma eterna inclemência,
É uma terrível e poderosa urgência...
Como, então, posso falar de paciência?
Quando desafias a minha percepção,
E te percebo em nuanças indecifráveis,
E em metáforas ou mensagens cifradas,
Me ofereces a liberdade de explorar tua alma,
É que me acorre essa eletricidade
Essa colapso da vontade, essa emergência!
E assim, como falar de paciência?
Quando teus gestos instilam-me a loucura
Trazendo-me sensações nunca experimentadas,
Trazendo-me cores e mil encantamentos,
Como falar de eternidades,
Se te amo agora, na mágica sutil desses momentos?
* * *
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