Não têm nada a ver com o Artista da Fome. Essa história de falar que a Arte é ligada à miséria também está por fora. Vamos falar da real.
O mundo moderno discute com a intolerância no sentido de entender a fome. Como se a fome fosse algo do outro mundo que precisa ser entendida. Não! A fome precisa ser sentida para ser compreendida. Ou melhor, vivida e decifrada. Por isso a fome é uma Arte e até o momento, que eu saiba, ainda não foi desvendada.
Até parece de mau gosto. Mas alguém que possui voz e ouvido fino e um paladar suspeito acredita que é preciso uma maior distribuição de renda. Tudo bem. Não quero entrar nesse mérito.
Meu vizinho que engorda a pança do outro lado da mesa diz que é uma questão social. E a barriga do artista continua roncando.
É por isso que o desavisado de plantão afirma que é uma cultura radical.
Pensando bem, não deveria haver nenhuma discussão em torno do assunto. Todos estão certos. Errado está quem passa fome sem pedir direitos autorais.
Em breve estará em funcionamento a Companhia Nacional de Reciclagem da Fome. Será uma linha de desmontagem super moderna com o intuito de industrializar a pobreza e manufaturar a miséria.
Com isso a usina estará oferecendo a oportunidade de internacionalizar todas as mazelas corriqueiras do nosso salgado dia-a-dia.
Será uma barbada discutir uma fome importada na mesa de um bar regional. Ótimo. De repente até vale a pena a gente começar a pensar numa griffe do tipo: Fome! Nosso melhor desempenho.
Pena que o Brasil não consegue furar o bloqueio da zaga americana. Porque isso sim seria uma questão de cultura. Uma quebra de paradigmas. Sei, lá...
Enquanto isso não acontece acho melhor comer para não ficar enojado.
