Usina de Letras
Usina de Letras
27 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62275 )

Cartas ( 21334)

Contos (13267)

Cordel (10451)

Cronicas (22539)

Discursos (3239)

Ensaios - (10382)

Erótico (13574)

Frases (50664)

Humor (20039)

Infantil (5454)

Infanto Juvenil (4778)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140817)

Redação (3309)

Roteiro de Filme ou Novela (1064)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1961)

Textos Religiosos/Sermões (6206)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Cronicas-->Pais, filhos e futebol -- 22/11/2001 - 00:26 (Luís Augusto Marcelino) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Meu pai é pernambucano. Nasceu numa cidadezinha chamada São Joaquim do Monte, perto de Bonito. Quando eu tinha sete anos de idade ele me levou ao Parque Antártica. Palmeiras x Santa Cruz. Óbvio que, como bom corintiano e bom pernambucano, torceu pelo Santa, que tinha Nunes. O Santa balançou a rede do Leão por três vezes. Sofreu dois gols. Ganhou a partida, enfim. Eu ganhei uma cicatriz nas costas. Pulei para comemorar um dos tentos e encontrei a arquibancada de cimento. A cicatriz resiste até hoje. É uma marca. Meu pai nunca esqueceu dela.

O Lucas tem hoje sete anos. Vive me pedindo para eu levá-lo ao estádio. Tenho medo. Mesmo nos jogos de uma torcida só. Estou adiando há meses. Um dia ele me perguntou como é assistir um jogo no estádio. Tentei descrever, mas acho que é impossível. Expliquei-lhe que o trànsito fica insuportável logo no começo da Avenida Pacaembu. E que, além do dinheiro para ingresso, comes e bebes, tem-se que levar um extra para os flanelinhas. "Aqui, patrão!" Não sei por quê, mas a gente sempre pergunta se o cara vai ficar ali olhando. Ao que somos respondidos que sim. Balela! Nunca tem ninguém na volta. Procurei explicar para o garoto como é o sabor da calabresa na chapa, com vinagrete e pão francês. Não há no mundo uma calabresa como aquela da frente do Pacaembu. Lucas pareceu não se importar com esta parte do relato. Porém seus olhos continuaram vidrados no meu rosto. Apressei a parte do comes. Disse-lhe que costumo seguir a entrada triunfal da Gaviões. Um batuque ensurdecedor. Gritos de guerra. Uns interpretáveis, outros nem tanto. Mas são brados que ecoam por todo ambiente, invadindo o ar, se propagando e agitando todos os seres presentes. Na verdade eu querid dizer para o meu filho que isso tudo é indescritível, mas ele não saberia o significado.

- Se é assim, por que você não me leva?

Omiti a parte da maconha rolando solta. Das brigas. Do amor que se transforma em ódio, em ira. É por isso, Lucas, que eu não te levo. Um dia você vai ler esta crónica.
Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui