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Artigos-->SEJAM POBRES E FELIZES! -- 06/02/2005 - 08:52 (Jeovah de Moura Nunes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sejam pobres e felizes!







Parece que o horror das queimadas não se restringe às culturas rurais e principalmente canavieiras. Temos as queimadas também de documentos que comprovariam o terror do fascismo brasileiro, comumente chamado de ditadura. É mais uma prova das irregularidades promovidas por alguns protegidos homens de mentes doentias, mas que usavam e usam a farda de nossas Forças Armadas. E a pressa em queimarem os documentos só demonstra que eles têm muito que esconder e o que temer. Com a queima ficaremos sem saber das enormes injustiças praticadas contra pessoas inocentes, visto que naquele tempo quando não conseguiam prender alguém considerado “terrorista” pelos chamados “órgãos de segurança”, levavam qualquer pessoa. No fim dos anos sessenta e a década inteira de setenta assisti a muitas prisões no centro de São Paulo.

Se a busca do DOPS, ou o DOI-CODI tinha endereço certo, eles não se importavam em levar qualquer transeunte, quando não localizavam seus alvos. Tanto que corríamos, semelhantes aos coelhos assustados para qualquer direção, na tentativa de escapar daqueles brutamontes.



O surpreendente é que quase ninguém consegue provar sua “via-crúcis” de torturado, apesar das seqüelas e aleijões em muita gente. No período mais violento da última ditadura brasileira – segundo dados do jornal “Folha de São Paulo” de 05.04.2004 – houve naquele período, 1969-1973, trezentos mortos e desaparecidos. No período inteiro 1964-1985 houve vinte e cinco mil prisioneiros políticos. Exilados foram dez mil. Muitos nunca mais voltaram. Por baixo, cem mil brasileiros foram torturados naquele período, sem contar os presos comuns.



Os espancadores gostam desse comportamento social e vivem no seu meio-ambiente. Não sabem que os doentes são eles próprios. Irrecuperáveis nessa anomalia psíquica, cuja origem remonta à idade medieval. O mais triste e revoltante, nessas histórias de heroísmos das vítimas dos carrascos espancadores é o fato de que as vítimas sofreram um calvário indescritível, para que hoje muitas pessoas, falsos brasileiros, falsos patriotas usufruam a liberdade, mesmo que seja também uma suposta democracia. Tais pessoas, incapazes de moverem um dedo pelo país, jamais tiveram pelo menos um pensamento de fraternidade entre os cidadãos e compatriotas. E ainda torcem para que essa nossa democracia, conquistada a duras penas possa se transformar numa boa e gostosa ditadura da noite para o dia, como ocorreu em 31 de março de 1964. Tem até certos indivíduos alienados da vida, interesseiros de sua boa vida, que afirmam ser a ditadura um regime bem melhor do que a democracia. Prova cabal de que tais cidadãos não merecem esse título, posto que não têm capacidade de pensar, nem expor seus pensamentos na busca de melhorar o país. Semelhante ao “bon vivant”, sem nada produzir, tanto economicamente, quanto intelectualmente, mas que tem a opinião contrária à liberdade de expressão. Por essa gente os heróis têm a coragem de morrer. Eu não teria.



Vivíamos e vivemos ainda uma espécie de permanente holocausto brasileiro. Enquanto as classes ricas, média e média alta comemoram as venturosas horas de ostentação do luxo e riqueza, a maioria do povo vive o inferno de ter nascido no Brasil na condição de pobre. Agora mesmo estamos assistindo a uma encenação hipócrita do governo Lula. Para majorar um salário miserável de 260 reais para 300 reais, o governo está fazendo uma firula vergonhosa, como se fosse a coisa mais expressiva do mundo, quando a renda do trabalhador deveria ser no mínimo de 400 ou 500 dólares. O equivalente a 1.200, ou l.500 reais. Se assim fosse, o trabalhador teria condições mínimas de melhorar, investindo com seus próprios recursos na sua qualificação e na qualificação de sua família, ao invés de ficar dependente de esmolas de cursinhos disso e daquilo que não qualifica ninguém. E boa parte desta massa salarial retornaria para o governo em forma de impostos, bem como aos capitalistas em forma de consumo.



Ah! Estava me esquecendo: nunca, em momento algum, nesses 504 anos de Brasil os diversos governos se interessaram na educação do povo. Não educa gratuitamente, nem dá os meios e as condições para a educação própria ou livre de cada um. “Sejam pobres e felizes” sempre foi a máxima de todos os governos brasileiros. E de vez em quando uma ditadurazinha para a alegria dos poderosos em torturarem e matarem.



Jeovah de Moura Nunes

poeta, escritor e jornalista



(matéria enviada ao jornal "Comércio do Jahu" há uns quatro meses. Não foi publicada)



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