Então é carnaval. Pelado ou com fantasia é carnaval. É a época em que todos dançam.
A galera esconde a roupa com a vergonha da cara para cair na gandaia até na segunda-feira do carvão.
No carnaval as mulheres choram e os homens brigam; as crianças comem e os adultos bebem porque é samba, axé e suíngue.
O mundo se agita, a cidade pára e o povo complica na avenida.
As pastoras embarcam no carrinho de mão rumo a Marquês de Sapucaí. Os pierrôs seguem atrás varrendo o que fica descoberto.
Então é carnaval! Para patys e bombados; gatinhas e machões.
É a festa profana da alegria onde o sexo, suor e a cerveja fizeram história na folia do prazer.
Assim nasceu Maria e José o casal Momo desse clima de ilusão: ele no compasso do surdo; ela no repique do tamborim.
Carnaval é tempo de quem apanha sorrindo; quem sofre cantando e de quem morre camuflado.
É tempo de quem dança; de traíras e pés de pano no reino do Ricardão.
Carnaval é o momento ideal de compartilhar, de extravasar os nossos sentimentos no dos outros.
Afinal, carnaval é folia!
Vamos fumar o cachimbo da paz; vestir a fantasia do outro mundo e usar o perfume mortal. Assim nos veremos no enterro dos ossos depois da segunda do carvão.