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Artigos-->OS EVANGÉLICOS NO BRASIL: O TRIUNFO DO FUNDAMENTALISMO -- 29/01/2005 - 22:41 (Elias dos Santos Silva) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Um aspecto que se evidencia sempre que a expansão exponencial do protestantismo no Brasil é analisada é o caráter fundamentalista das muitas seitas que, valendo-se dos mesmos rituais que costumam criticar acerbamente em outros crentes, engrossam suas fileiras de adeptos com um discurso sumamente perigoso, seja pela interpretação literal que promovem das Sagradas Escrituras, seja ainda por suas visões restritas de mundo, repassadas estas de um laivo inequivocamente místico-ilógico.

Tal afirmação é facilmente verificável em nossa época e locus geográfico, embora não sejam muitos os evangélicos dispostos a aceitarem sua inclusão no famigerado fanatismo religioso de tão pouco grata memória na História Universal.

Tome-se como exemplo de tal assertiva as concepções dos evangélicos, notadamente dos seus expoentes, sobre temáticas como Carnaval, telenovelas, casamento entre homossexuais, etc. R.R. Soares, para ficarmos em um caso particularmente ilustrativo, declarou à Revista Veja, há cerca de um ano atrás, que o Carnaval nada mais é que o predomínio da luxuria sobre a moral. Disse também que as telenovelas fazem emergir sentimentos e (re)ações malévolas nos telespectadores e que o homossexualismo é uma doença que deve ser extirpada.

As opiniões do célebre pregador, ao contrário do que alguém mais desavisado poderia supor, não se constituem em exceção, antes, pelo contrário, servem perfeitamente à condição de postura emblemática do pensamento evangélico brasileiro, posto que se coadunam com as asserções de Edir Macedo e de muitos outros líderes evangélicos tupiniquins.

Tais luminares do pensamento teológico-filosófico parecem não ter presente que o Carnaval, em que pese seu caráter de “passarela da sensualidade” e de “culto ao corpo”, pouco ou nada afeta o virtus coletivo nacional, antes, pelo contrário, permite que muitos evangélicos possam alçar-se a si próprios ao púlpito dos “homens de bem”, num compreensível exercício de vaidade, sentimento que a Bíblia não condena em parte alguma (risos).

Do mesmo modo, as “amaldiçoadas” telenovelas não se constituem, independente do que R.R. Soares, Edir Macedo e Davi Miranda possam pensar, em fator de desregramento familiar. Ao contrário, prestam-se efetivamente como fatores efetivos de integração nacional, ligando Sul e Norte, Leste e Oeste aos sinais televisivos.

No que tange ao casamento homossexual, temos um outro equívoco dos evangélicos, mais precisamente um contra-senso histórico imperdoável. Em outras palavras, os senhores “aleluia irmão” não parecem atentar para o fato de que tanto a Associação Americana de Psicologia, quanto o Conselho Federal de Psicologia (do Brasil) não apenas retiraram a homossexualidade do rol das doenças mentais, como proíbem quaisquer tentativas de “reverter” a identidade sexual do indivíduo.

Obviamente, estes são apenas alguns dos muitos exemplos que podem aduzidos no exame do tema deste artigo, especialmente se nos debruçarmos sobre assuntos diversos (e naturalmente polêmicos) como política, sexualidade humana, religião, entre outros, todos abordados pelos evangélicos como matrizes históricas imutáveis.

Em outras palavras, poucos parecem ser os protestantes brasileiros capazes de entender que a Bíblia, suas admoestações, seu corpus moral e filosófico, dentre outros elementos, não são lacunas fixas nas bases de sustentação do mundo socialmente organizado, mas sim fatores passíveis de mudança, de reexame, de transformação. Tal como as línguas, a Bíblia não é estanque, mas sim dinâmica, mutável em seus ordenamentos, não podendo ser restringida à visão monocular dos “doutrinadores” evangélicos.

Os evangélicos, porém, não aceitam uma visão polissêmica da Bíblia, muito menos das interpretações que promovem, na maioria das vezes à revelia das ovelhas que catequizam e mantém à rédea curta em suas aleivosas seitas.

O que vemos, assim, no Brasil atual, é o predomínio da ignorância, do preconceito supostamente legitimado pela Bíblia e de idéias apócrifas que se “sustentam” no credo pautado pelos estereótipos e pela irracionalidade.

Evangélicos e Talibãs trilham, pois, a mesma senda eivada de trevas, o que nos permite concluir que nada é mais temível do que se defrontar, como ocorre no mundo moderno, com Muçulmanos e Protestantes, pragas do dogmatismo exacerbado que não conseguem racionalizar nem mesmo suas crenças. O que dizer, então, de suas opiniões sobre temas que fogem de sua alçada e que são submetidos, via de regra, ao crivo de seu ilogismo fundamentalista?

Quer parecer, à luz desses argumentos e deduções superficiais (embora eloqüentes) que o fundamentalismo religioso instaurou-se fortemente não apenas no Oriente Médio, mas também nas seitas evangélicas brasileiras, aproximando-nos tanto dos famigerados fanáticos que dão suporte físico, material e logístico a Bin Laden, quanto dos ignorantes racistas e xenófobos que desfilam na Casa Branca.

Que Deus (Não Jesus, apenas) tenha piedade de nós.

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