Naquele dia, em plena rua,
na promíscua calçada,
como duas figuras vadias,
consumamos a despedida...
Diante do cartaz da benetton,
de transeuntes sem rosto,
de faróis, fumaça e sons;
no negro e quente lôdo
do asfalto;na trágica e louca
avenida, cheia de punguistas e
de pedestres com faces vazias,
fizemos a despedida!
Ninguém viu. Ninguém riu.
Não houve sequer uma lágrima,
nem de N. Senhora de Fátima-
do pingente da mulher que
desfiava suas lástimas em
meio a tanta e tanta gente.
Fizemos a despedida
em meio ao agito e
ao agudo apito do guarda-
grito selvagem da cidade
sem compaixão e sem piedade
como dois hereges padres
diante da fé contrita.
Vivemos o apocalipse
no anonimato, sem testemunhas-
nossa egoísta e pequena dor-
ao lado da banca de revista,
onde " O Fim do Mundo"
era a grande notícia!
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