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Artigos-->Mad Maria -- 24/01/2005 - 19:12 (Paulo Milhomens) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Paulo Milhomens

Ator e estudante de História na UFT

paulokalil@hotmail.com





O dramaturgo, jornalista e escritor Márcio Souza é um dos principais expoentes da ficção brasileira contemporânea, tendo vários de seus livros publicados no exterior. O parágrafo soa indiferente, pois é uma característica brasileira, não conhecemos a importância que o mundo lhes dá. Produção extensa para ser conhecida na posteridade? Pode ser. A TV Globo irá estrear em breve, um seriado baseado no romance homônimo do autor, “Mad Maria”, editado no Rio de Janeiro, em 1980. Escritor de irreverência peculiar e produção literária/jornalística incomum, Márcio Souza nasceu em Manaus, mas radicou parte de sua carreira no eixo Rio-São Paulo. Mudou-se para o Rio no início dos anos 80, trocando o calor amazonense por um confortável apartamento carioca à beira-mar. Para quem sentiu como tantos outros os anos horríveis da Ditadura Militar, isto não significou nada. O teatro brasileiro não reconhece Márcio como uma figura primordial da dramaturgia nortista, título que conquistou benemeritamente em outro idiomas. Tendo sido um dos criadores e líderes do “Tesc” – Teatro Experimental do Sesc – , produziu e dirigiu espetáculos que viajaram por todo o interior do Amazonas. Criado em Manaus no começo da década de 1970, o Tesc ajudou a disseminar o teatro amazonense pelo Brasil. Seus espetáculos principais: “A maravilhosa estória do Sapo Tarô-Bequê (1975)”, “As folias do Látex”,1976 ( sobre o ciclo da borracha na década de 1930 ), “O pequeno teatro da felicidade” (1977) e “Tem piranha no pirarucu”, 1978. Todas escritas e co-dirigidas por Márcio e outros artistas. O tema de suas obras está envolto nos anos de chumbo do governo Médici, na preservação da floresta tropical, importância da cultura amazonense, industrialização repentina de Manaus, surgimento da Zona Franca, ocupação estrangeira e a perseguição política na “Províncias dos barões da seringa”, como bem notara Márcio. No caso específico de “Mad Maria”, obra contextualizada na República Velha ( 1889-1920 ), trata de uma tentativa megalômana do capitalismo de construir uma ferrovia no meio da selva amazônica, empreitada que rendeu milhares de mortos e um gasto governamental de construir uma ferrovia no meio da selva amazônica, empreitada que rendeu milhares de mortos e um gasto governamental de proporções absurdas, incluindo os problemas geográficos encontrados pelos investidores europeus.



A penetração do capital financeiro estrangeiro, sobretudo inglês, estendeu-se no Brasil a outros empreendimentos: empresas de serviços públicos, mineração e, em menor grau, indústrias. Diante da escassez de recursos, o governo brasileiro fazia concessões às firmas estrangeiras para a exploração, durante certo tempo, dos serviços públicos em geral – fornecimento de energia, serviços de esgoto, gás, comunicações, transportes ( estradas de ferro, bondes ), portos, etc. – todos indispensáveis ao processo de urbanização e, por isso, bem lucrativos na época. No entanto, os fatores negativos da abertura econômica gerou uma dependência política e cultural exterior muito grande, e isso não despertou na República que acabara de nascer, a produção e o financiamento interno para baratear os serviços advindos com a capitalização e criar sua autonomia. Mad Maria foi um projeto fracassado. Tentava afirmar a “supremacia” estadunidense e inglesa na Amazônia. A mão-de-obra barata e majoritariamente nordestina, onde muitos colonos migraram para fugir da seca que arrasou o sertão no início do século XX, foi o primeiro passo para efetivar a locomotiva Mad Maria como símbolo do progresso tecnológico do país. A locomotiva dava total direito aos gringos de contrabandear nossas riquezas com a política econômica das concessões públicas nacionais fornecidas a grandes grupos empresariais, neste seleto time podemos mencionar os ingleses da família Rotschild, principais capitalizadores da futura dívida externa dos países latino-americanos. Claro, a burguesia do café não impunha condições de volaticidade com o mercado mundial, e grande parte dos republicanos “progressistas” não tinha interesse em desenvolver a industrialização do país, coisa que de fato só ocorreu no final da década de 1920, com uma leva de imigrantes italianos no Brasil. A “Maria Fumaça” ( primeira locomotiva a vapor da história) tornou-se a grande novidade dos trópicos, principalmente um país que não tinha situação territorial definida – como as regiões que hoje compreendem os Estados do Acre e do Amapá – , cousa que se concretizaria com Getúlio Vargas e o Estado Novo( 1930-1946 ). O Amazonas, suas misturas étnicas, o desmatamento da selva, a pena denunciante de Márcio como homem de sua terra também é sentida em seus livros, como seu romance de estréia “Galvez, imperador do Acre”, publicado em 1976, como folhetim jornalístico no Estado do Amazonas. Seu talento gerou críticas notáveis do New York Times e outros, que ainda desconheciam o talento dos escritores latino-americanos: “Ninguém deve temer a possibilidade de que o fluxo de admiráveis romances latino-americanos esteja secando. Márcio Souza traz a garantia de sua aparente inesgotável vitalidade, pois o livro é ao mesmo tempo uma delícia de comicidade e um conjunto de pouco prováveis, meio verdadeiras aventuras, recontadas com perícia e economia... Uma delícia! Uma estréia admirável”. No Brasil, lançou ainda “Operação Silêncio”, “A ordem do Dia”, “A condolência” e “O fim do Terceiro Mundo”, entre outros. Sua capacidade de reflexão com bom humor sobre a caótica situação brasileira e latino-americana em todos os níveis é sua marca indelével. Nasceu em 1946.

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