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Poesias-->C O R P O R A L -- 20/03/2002 - 12:46 (Walter da Silva) |
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C O R P O R A L
Fazer teu corpo
meu oráculo
onde consulte tempo
luas, estações.
Caminhar perdido
entre curvas, vias e vielas
viscerais
onde mais se estreitem
e/ou se alarguem
pequenas ilhas
de paixão, olor e concupiscência.
Ah teu corpo
quanto se incorpora
ao meu
quando não vens rever-me
em minhas armadilhas,
emboscadas ilustres,
para manter o espaço
que ocupas!
Corpo, porto e foco
de minha volúpia suserana
aonde não tramitarão
projetos de reformas
agro-existenciais.
Deixa-me ser teu corpo
como se ornasse minha vida
e meu mais íntimo suspiro.
E seja ele meu deus Onam
e meus múltiplos rituais
sadomasoquistas,
teu sempre belo corpo
no qual julgo e sentencio meu fado
minhas lutas de homem e de amante
político-sensual.
Tenro corpo maneiro
verso/anverso
desta arte inexplicável do viver.
Santuário de setembro em setembro
chuva e sóis atemporais
onde aprendi a revisar-me
e amar demais.
Walter Silva
Set. 1986.
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