Usina de Letras
Usina de Letras
149 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62072 )

Cartas ( 21333)

Contos (13257)

Cordel (10446)

Cronicas (22535)

Discursos (3237)

Ensaios - (10301)

Erótico (13562)

Frases (50478)

Humor (20016)

Infantil (5407)

Infanto Juvenil (4744)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140761)

Redação (3296)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1958)

Textos Religiosos/Sermões (6163)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->VIVA O POVO BRASILEIRO -- 18/01/2005 - 17:24 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


A ROTINA DA SACANICE PARLAMENTAR

(Domingos Oliveira Medeiros)



Não pude mais me conter. Não tinha sequer palavras. Palavras para dizer. Da minha indignação. Recorri ao dicionário. Vocabulário emprestado. Foi a minha salvação. Não pude ficar calado. Não sabia o que fazer. Estava sendo roubado. Mas resolvi escrever. Resolvi dar o recado. Que nem é mais novidade. Mas parece até mentira. Mas é a pura verdade.



Canalha, patife ou malandro. Assim não há quem agüente. Aumentaram novamente. A remuneração triplicada. Sem caráter o espertalhão. Gastando o dinheiro da gente. Votou nosso deputado. Mais um golpe traiçoeiro. Todo mundo apertado. Todo mundo sem dinheiro. Mas o dele é aumentado. Na Câmara Federal. A verba de gabinete. Passou pra 45. Antes era 35. Pra contratar vinte e cinco. Para cada gabinete. Que somam mais de quinhentos. O contrato é sem concurso. Só mesmo descendo o porrete. Pois se toda essa gente Resolver comparecer. Não cabe no gabinete. Pois é muito apertado. Não cabe nem mesmo em pé. Quanto mais se for sentado.



Fim de ano garantido. Ousado e bem atrevido. Não houve abstenção. Todo mundo foi servido. Grande é seu coração. O povo que não entende. Aquela grande união. De siglas e de partidos. Em torno de mais tostão. Tostão que pesa no bolso. Dinheiro pra lá de milhão. Que sai do parco orçamento. Tudo Às custas da União. Do orçamento apertado. Salário bem encurtado. Vou gritar pega ladrão.



O povo está sendo garfado. Tem muita gente atolado. Eleitor desesperado. Acreditou em promessa. Votou atrás de melhoras. Elegeu seu deputado. E agora a baixaria. De fim de ano aparece. A promessa que torcia. Agora ninguém se lembra. Mas o povo não esquece. Um dia ele acorda. E a verdade aparece.



E tem muito mais aumento. A verba indenizatória. De doze passou pra quinze. Desde dezembro passado. Um presente de Natal. Pra comprar a serpentina. E brincar o Carnaval. Mas isso é outra história. A verba indenizatória. É gasta e comprovada. Via nota fiscal. Assim diz o deputado. Tirando o seu corpo fora. Como se uma notinha. Resolvesse toda a questão. Parece até o sorteio. Que existia até então. Pra ajudar a Receita. Melhorar a arrecadação. Seu nome, quem não se lembra? Seu Talão vale Um Milhão.



E tem as despesas miúdas. A quota de telefone, mais a quota do correio. Mais cinco no bolso por mês. Em nome da comunicação. Que todo parlamentar pratica. Parafraseando o Chacrinha. Aquele que não se comunica. Não se reelege, se trumbica.



Anote mais um pouquinho. Dessa despesa pequena. São três mil de aluguel. A quantia bem amena. De auxílio-moradia. Em prol da habitação. Mais quatro passagens aéreas. Ida e volta, de avião. Que todo mês se repete. No trecho que vai de Brasília. Ao sertão ou ao agreste. Se parlamentar nordestino. Ou então qualquer destino. Se nãob for cabra-da-peste.



E para fechar a conta. Tem o caso das emendas. A quota do orçamento. Pra manter assegurado. A eleição do deputado. Que sempre arruma um jeito. De arrumar mais um trocado. E agradar o prefeito. Sem falar no excesso. Overdose de recesso. Do côncavo e do convexo. Das férias e da convocação. Que dizem extraordinária. Mas que deveria ser, a meu ver. . Bem pra lá de ordinária. Que todo ano acontece. Mais dois salários no bolso. Por semana de trabalho. Fazendo o do dever de casa. Que todo ano atrasa. Apesar de tanta gente. Que ajuda no gabinete. Só mesmo descendo o pau. Assim não há quem agüente. Só mesmo descendo o cacete.



Triste povo brasileiro. Mais uma vez o Congresso. Nesta hora é ligeiro. A pauta é destrancada. Abre o portão por inteiro. Tira do pobre o dinheiro. Embolsa mais uma vez. O aumento ecológico. O aumento em cascata. Que respinga pelos estados. Alcança o vereador. Está tudo atrelado. É farra pra todo lado. Conforme na lei constou. Para todos os colegas. Deputado estadual. Legislativo municipal. A farra agora é geral. Aproxima-se o fim de ano. É o espírito de Natal. Em pleno mês de alegrias. Alegrias de palhaços. Palhaços de um Carnaval. Que se repete a vida inteira. E que, parece, não termina. Nem mesmo na quarta-feira.



E a bancada de Brasília. Da Câmara Distrital. Deu também o seu recado. Fez uma festa igual. Ninguém se fez de rogado. Teve o salário dobrado. Na semana do Natal. Não ficou por menos não. Com tanto serviço atrasado. Aceitaram a convocação. Aquela extraordinária. Que vem do governador. Pra aprovar seus projetos. Que metem a mão rasteira. No bolso do trabalhador. Resolveram também aumentar. A verba de gabinete. De quase 48. Passou pra 75. Pra contratar assessor. Sem concurso, sim senhor. E mais dois seguranças. Para cada distrital. Por três mil de salário. Faz inveja ao Federal. Seguro morreu de velho. A violência é geral. O resto é parecido. Salário de quase dez mil. Tem verba indenizatória. Que custa outros dez mil. Mais três salários por ano. Vai até o décimo quinto. Se acaso não me engano. Mais o recesso parlamentar. Aquela de fim de ano. Mais dois salários no bolso. Quase 20 pelo poço. A farra é mesmo geral. Pra comprar a fantasia. E pular o Carnaval. O Carnaval da Bahia. Pois o daqui de Brasília. Anda de mal a pior. Só funciona no Congresso. Logo depois do recesso. Lá se vai nosso dinheiro. Ninguém faz disso segredo. Afinal não é ruim. Só pra levantar o dedo. E votar dizendo sim.



E já ia me esquecendo. Tem ainda mil reais. Em prol da comunicação. Você não vai acreditar. E mais quinhentos por fora. Todo mês para pagar. O fixo e o celular. Ajuda de material. Oito mil selos por mês. E mais dez mil impressos. E mais cinco mil xerox. À vontade do freguês. Tudo dado de graça. Para cada deputado. Fazer o seu nome na praça.



Por isso é justificado. Tanto assessor contratado. Pra lamber um monte de selo. Deixar tudo bem colado. Mas se um dia for chegar. Todo mundo ao mesmo tempo. Procurando a sua mesa. Tenho quase que certeza. A bagunça é igual. Ao Congresso Nacional. Digo isso bem sereno. Nem em pé vai se ajeitar. O gabinete é pequeno. Esse é o resultado. Ou se faz muito rodízio. Ou ninguém fica sentado.



Isso é mais que sacanagem. Isto é mais que sacanice. Devassidão, bandalheira. Só mesmo falando besteira. Isso é pura roubalheira. Assim diz o dicionário. O povo vota calado. E dá uma de otário. Vai ficar chupando dedo. Ou comendo salgadinho. Aquele com queijo e tomate. Com salsicha e pimentão. Enfiado num palito. Que a gente segura na mão. Cujo nome é sacanagem. Já aprendi a lição. Ou a gente abre a boca. Ou acaba com a eleição. A coisa passou do limite. È pura esculhambação. Ou a gente para com isso. Ou acaba com a Nação.



Deixo aqui o meu apelo. Faço a minha oração. Rogo ao Santos Dumont. Dê um conselho ao Lula. Pra economizar do seu lado. Diminuir a despesa. Pelo menos, do seu lado. Do nosso falido Estado. O povo não agüenta. É tanto dinheiro rolando. Recurso desperdiçado. O povo desempregado. Saudades do Sucatão. Melhor ir ao ferro velho. Procurar um lanterneiro. Fazer a reparação. Amizade não se troca. Viva o povo brasileiro. Seu antigo companheiro. Dê uma chance aos velhinhos. Troque tudo que for peça. Faça a manutenção. E por favor, venda depressa. Esse rico avião.



18 de janeiro de 2005





Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui