Desencanto
maria da graça almeida
Mãos caladas, pés no chão.
Olhos cegos de beleza,
desvalida intenção.
Boca rota de certezas,
braços nus de decisão.
No verso do faz-de-conta
minha letra faz-se tonta.
Os cantos descartáveis
reúnem-se e descontam
as tessituras inviáveis.
Espio-me por dentro e vejo
um trovador de calçada,
sem viola, sem serenata
sem poema, sem poesia,
sem canção, sem namorada...
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