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Artigos-->A dialética perfeita entre Autran e Vilhena -- 14/01/2005 - 17:46 (Paulo Milhomens) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos




Paulo Milhomens

Ator e estudante de História na UFT





O leitor atento – espero, já provocando – provavelmente assistiu a um programa televisivo exibido no último dia 09/01/2005 às 23:00 horas, célebre por suas entrevistas interessantes e nem tanto polêmicas. Não que as vezes o status quo seja devidamente criticado e visto com veracidade. Isso até acontece nas melhores ( ou piores!) famílias. Conceitos podem ser bons ou maus, dependendo da dinâmica de cultura que está vigente. E se você, meu talentoso leitor, assistiu a este programa ( exibido inicialmente em 20/10/2004 ), com certeza teve uma aula sobre dialética perfeita. Do que se trata? Da entrevista entre o renomado ator Paulo Autran, de 82 anos, mais de 50 anos de carreira, um dos principais expoentes do teatro brasileiro na sua concepção, e anacronicamente, Paulo Vilhena, representação máxima da cultura despolitizante desse país. A apresentadora do programa estrategicamente colocou na pauta do dia uma discussão envolvendo teatro, política e ética. Estes foram os temas desenvolvidos. Sua escolha foi sábia, tínhamos dois extremos: a sapiência e a mediocridade. O que me preocupa é bem simples: como desenvolver uma consciência política/ideológica através dos sistemas de comunicação de massa que exploram a estética física como manutenção das necessidades de consumo? Como despertar num jovem a vontade de pensar e construir idéias próprias, onde possa analisar sua relação social nos padrões da sociedade? Paulo Vilhena é um jovem rico, com poucos mais de 25 anos, conseguiu prodigiosamente aparecer ( não se sabe com quais meios ) em produtos descartáveis da Rede Globo e obter fama sem nenhum sucesso profissional. Sua relação com a mídia é manter um rosto bonito alinhado a falta de referencial, única fórmula capaz de fazê-lo perceber onde está. O pobre diabo mal compreende os intrínsecos labirintos da circunstância a qual foi submetido. Objeto de desejo de milhares de jovens em seu país, reproduz o comportamento bacante dos playboys cariocas que se beneficiam com façanhas sexuais, carrões importados, festas de arromba e muito descompromisso político. A televisão brasileira poderia estar explorando uma lingüagem pedagógica mais humana, onde conceitos de Arte estariam representados em artistas reais e preparados para seu papel de agente transformador. Não é o que pensa uma minoria de canalhocratas da grande mídia, sempre preocupados com os desejos das elites. Aliás, é praxe da Rede Globo, produzir figuras medíocres. Quando rememoro que Xuxa esteve presente na infância de minha geração, tenho calafrios. Quando ouço chamarem o cantor Roberto Carlos de “rei”, me pergunto: de quê? Nunca se manifestou ideologicamente pra nada, é financiado por um monopólio, e já disse não “gostar de política”. O velho diabo não leu ‘Analfabeto Político’, de Bertolt Brecht. Também foi playboy na década de 1950, no início da pouco otimista representação estética e musical “Jovem Guarda”. A famigerada Maria da Graça Meneguel (Xuxa ) era ícone da indústria pornográfica ( o que aliás, também é modalidade artística ) e aproveitou todas as oportunidades que tinha com atletas famosos, empresários e diretores de TV para chegar no seu patamar atual. Com o jovem Vilhena não é diferente. Seu uso na mídia é a personificação das pessoas que comandam as relações da Comunicação Social no Brasil.



Vilhena é apenas mais uma peça do xadrez, a marionete perfeita dos “horrorosos corredores” da TV Globo, como bem expôs Autran, quando se trata de conhecer o território inimigo. A melhor coisa que guardo daquela entrevista são as apreciações literárias mencionadas por Paulo Autran no espetáculo “Quadrante”, um monólogo em que o ator viaja por textos de Fernando Pessoa, Guimarães Rosa, João Cabral de Melo Neto entre outros. Quando assisti a sua performance aqui em Palmas, Tocantins, fiquei impressionado com a simplicidade de um profissional que estuda profundamente o que faz. Se jovens atores assistiram àquela entrevista, talvez mudem de opinião em determinados momentos de sua carreira. Estar artista e ser artista são diferenças que podem mudar a vida de um profissional. Num país em que se rotula cada vez mais padrões comportamentais e a justiça da ética cega, o distúrbio social que prolifera na mente de uma população desprovida de qualquer consciência histórica em seu meio, torna-se o alvo perfeito para os grandes publicitários e controladores de idéias. A reflexão maior está além da ignorância de Vilhena – incapaz de perceber a própria estupidez – , onde escritores de telenovela e diretores artísticos em entretenimento lançam modelos humanos que servem, para um demanda temporária, ao massificado mundo jovem de minha época. Não acredito em consumismo critíco, “capitalismo humanizante”, como bem professam alguns sociólogos estadunidenses, mas sim, em métodos graduais para romper com essa cultura globalizada excludente e alienante. Tudo o que eu disse está sintetizado na dialética perfeita entre Autran e Vilhena. Obrigado pela atenção.

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