Numa cidadezinha de interior de Minas, num butequinho desses que tem dois vira-latas dormindo na porta, o João, um pequeno fazendeiro, está sentado, olhando para o nada," enchendo a cara". Aparece o Nelson, um amigo, e ocorre o seguinte diálogo ( "in verbis"):
Nerso:- Jão, por que cê tá aí inchend a cara num dia tão bão com esse?
Jão:- Cumpade, tem coisa que num dá pra ispricá...
Nerso:- Mais que que cunteceu home de tão horríve?
Jão:- Bão, se cê quisé memo sabê, eu tava sentado do lado da minha vaca, tirano leite. Quando o barde tava quase cheio ela bateu a pata isquerda no >barde e derramô tudo.
Nerso:- Puxa que chato, mais e daí?
Jão:- Tem coisa que num dá pra ispricá....
Nerso:- Mais o que que cunteceu home?
Jão:- Peguei uma corda e marrei a perna isquerda dela na viga do lado isquerdo.
Aí sentei e continuei ordenhano. Quando o barde tava quase cheio ela bateu a pata direita no barde e derramô tudo de novo.
Nerso:- Mais de novo? E aí, que que cê feis?
Jão:- Peguei a pata direita dela e marrei na viga do lado direito.
Nerso:- E daí?
Jão:- Sentei atráis e continuei a ordenhar.Quando o barde tava quase cheio, >aquela vaca marvada bateu co rabo no barde e derramô tudo de novo.
Nerso:- Puxa, mais que farta de sorte!
Jão:- Tem coisa que num dá pra ispricá....
Nerso:E aí que que cê feis?
Jão:- Bão, eu não tinha mais corda, tirei meu cinto e marrei o rabo dela na viga de cima. Nessa hora, minha carça caiu e minha muié chegô ...
Tem coisa que num dá pra ispricá... |