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Artigos-->Apocalipse Virtual -- 14/01/2005 - 00:15 (Carlos Rogério Lima da Mota) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Domingo passado, enquanto caminhava pela Esmeralda, passei a refletir sobre diversas coisas ao ver as pessoas que transitavam ao meu redor. Crianças, adolescentes em pares, senhores e senhoras, todos sorrindo, contando fatos, histórias longas, que três horas de caminhada não conseguiriam findá-las; no fundo, aquela caminhada me fez perceber que a alegria de ambos, no futuro, poderá ser tão artificial como são as amizades virtuais.



Com a evolução mundial nas áreas tecnológicas e de transmissão de dados, impulsionadas pela tal globalização, cujo princípio é a ciranda financeira, a perda da identidade regional e a transformação do mundo numa aldeia global, a verdadeira amizade, aquela que existe há milênios, unindo homens e mulheres, histórias de vidas marcadas por momentos gloriosos ou quedas desastrosas, poderá desaparecer, cair numa vala sem fim, ser condenada ao pó, o que significaria a extinção do que de mais belo há na humanidade: a sua própria essência!



As pessoas hoje não têm mais tempo para conversarem e, quando conversam, já não mais se revelam como antigamente, por temerem a traição, como se a cumplicidade que une duas pessoas já não fluísse como numa época não tão distante, em que famílias proseavam até tarde, assistiam a partidas de futebol nos estádios, viajavam mundo afora, com o único interesse da manutenção saudável da própria convivência social.



Conversar com um amigo, dizer o que pensa, o que sente, configura-se atualmente num risco sem precedentes, talvez porque o mundo mostre que é mais seguro confiar no incógnito, naquele que não pode interferir diretamente em sua vida, até porque, no mundo da virtualidade não há limites, qualquer pessoa substitui a própria identidade por uma outra que lhe seja mais aprazível, é como se ela deixasse de ser o que é para ser o que jamais poderá. Mentiras tornam-se verdades bem acabadas, histórias de vidas surgem como se fossem partes da realidade, todos os medos caem por terra e a timidez dá lugar a uma coragem deveras hipnotizante, cruel. Neste jogo, o que importa é desbravar os baús secretos das muitas vidas alheias, invadir a intimidade de algum ingênuo, manipulando-o ao bel prazer, como se tudo não passasse de uma mera partida em que as cartas estivessem definitivamente marcadas.



Como diria Haley Joel Osment, o menino-andróide que sonhava ser um humano em AI – Inteligência Artificial, nossos amigos, num futuro bem próximo, resumir-se-ão à Cpu, à Internet e ao simples monitor colorido, que nos ouvirá mudo e nos responderá calado. Aquela união entre famílias, aquele carinho, aquela preocupação pela pessoa próxima que amamos como irmão, não passará de um lindo conto de fadas, fadado ao fracasso.



É o preço por estarmos acessando a uma era conhecida como a “ditadura da informática”, onde as máquinas dominam, comandam e manipulam, seja pelo fascínio que emanam diante de nossos olhos, seja pelo poder que exercem sobre o meio. Aqueles que forem contrários aos princípios desse império virtual serão humilhados, desmoralizados intrinsecamente...



Não sou retrógrado como podem pensar alguns, pelo contrário, creio que a modernidade seja a chave capaz de levar essa geração à sua imortalização como espécie; o que é inadmissível é que durante esse processo valores tão importantes como a amizade entre amigos, o diálogo saudável entre pais e filhos, a conversa sincera do final da tarde e o respeito mútuo possam ser substituídos por um canal mundial, que una as pessoas em uma utopia desenfreada, enlaçadas por uma fantasia nada infantil, que se rompida por acaso, deixará cicatrizes profundas como a depressão.



A Internet é importante sim, principalmente na transmissão de dados de uma empresa para outra, na exploração do conhecimento, na instantânea veiculação da notícia, afinal, as bases da modernidade se apóiam nos preceitos difundidos por esse sistema; o que não devemos é deixá-la tomar o lugar dos amigos, dos pais e mesmo da realidade...



E os que insistirem nesse caminho, como numa profecia, pagarão (muito) caro!



*Fale com o autor deste texto através do e-mail: carlos.netkids@bol.com.br .
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