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Infantil-->Anjo Gabriel -- 25/02/2007 - 00:06 (Jader Ferreira) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Anjo Gabriel



No começo dos anos 70, fui promovido a supervisor de vendas. Minha vida de longas vagens apenas começava. Por dois longos anos que nunca acabavam fui morar na cidade de Penápolis, SP, na Alta Noroeste. Nos raros finais de semana em que eu voltava para casa, para agüentar as noites superquentes da região, pegava um lençol e me deitava no cimento fresco do quintal. Meu filho Gabriel, que na época tinha três anos, deitava-se ao meu lado e ficava chupando sua chupeta. Numa dessas noites mornas, longe da minha terra e dos amigos taubateanos, sentindo uma saudade imensa, olhei para o vazio do céu e mostrei para o Gabriel a imensidão da Via Láctea.
O “caminho de São Tiago” parecia uma enorme lantejoula enfeitando o céu. A noite estava muito clara e as estrelas, milhões delas, faiscavam como uma imensa árvore de Natal. Disse para ele que, na realidade, não estávamos olhando para cima, mas para baixo. O que nos prendia na terra era apenas a Lei da Gravidade. Se a lei da gravidade falhasse, por um momento que fosse, sairíamos a flutuar como balões pelo espaço imenso. Para minha surpresa, o menino que era tão pequeno entendeu as minhas palavras e se assustou. Pegou seu pequeno travesseiro e fugiu rapidamente para dentro de casa, chamando pela sua mamãe.
Anos mais tarde, morando novamente em Taubaté, quando ele já estava com doze anos e recebia uma mesada habitual de quarenta reais, distraiu-se na escola e perdeu o seu livro novo de inglês. O livro custava caro, algo em torno de noventa por cento do que ele ganhava de mesada. Decidi descontar aquele valor da sua pequena renda mensal. Seria uma lição de vida, ele precisava aprender que um livro, por modesto que seja, custa muito caro.
Mais uma vez o Gabriel me ensinou uma coisa nova. Naquela noite, e nas noites seguintes, ele perdeu o sono. Agitava-se na cama durante a noite, estava preocupado com o desconto na sua tão “querida” mesada. Então, chamei-o para uma conversa sobre o assunto. Lembrei a ele que, no passado, ele já se preocupara com coisas bem mais importantes e nunca perdera o sono. Citei a antiga história da Via Láctea como exemplo. De novo, para surpresa e emoção minhas, ele argumentou: “É, pai, mas para mim a minha mesada é mais importante do que a Via Láctea!...”

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