quedo-me
para sentir a tempestade
esse universo em furiosa festa
me toma inteira
sinto-o vibrar
acompanho a trajetória da tormenta
- luz e som
os vidros soam, balançam
minha casa toda, como eu,
responde
não tenho medo
é como pudesse correr ao seu encontro
é como a fúria fosse
um diálogo apaixonado
que a tudo estala, vibra,
clareia e grita
- fina sintonia com a vida,
energia que anima e nutre,
arremessa-me nos braços do universo
há música nessa fúria,
há um perfume, umidade, movimento,
uma sinfonia amorosa,
uma tragédia.
-depois do ápice,
doce quietude
a tempestade é como um jogo da paixão
acendi velas pela casa toda
enchi a taça
e agora
quieta
envolvo-me no silêncio
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