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Artigos-->Jogos de Linguagem 190203 -- 31/12/2004 - 21:37 (Rodrigo Moreira Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Rodrigo M.Martins 190203

Profª Mirian Donat





O significado da linguagem: Jogos de Linguagem



Nosso problema hodierno é o de como responderemos filosoficamente às questões que vêm surgindo com a multiplicidade de opiniões e contextos que nos são apresentados pelas mais diversas áreas de interesse. No caso da área do saber científico, que procura a pesquisa rigorosa para avançar o conhecimento prático, é preciso uma maior precisão e delimitação dos instrumentos da pesquisa, assim como de seus problemas (falamos aqui dos chamados pseudoproblemas - os metafísicos – que estariam “fora” do campo de ação da ciência comtemporânea).



O homem moderno é, em geral, mais cético do que o homem da Antiguidade da Idade Média. Falta-lhe aquela atitude ingênua de fé, que constitui o fundamento de todas as religiões e, conseqüentemente, também da metafísica. [...] dois são os fatores principais que intensificaram essa atitude cética:

a) o crescente rigor científico nas diversas disciplinas matemáticas e empíricas;

b) a consciência da relatividade histórica das posições filosóficas;



Tudo isso levou os estudiosos a perseguir o significado preciso no que se refere à disseminação e compreensão das novas descobertas. Não foi difícil o convergir das opiniões apontando para a linguagem como objeto principal desses estudos. Assim, muitas vezes pressionados pela necessidade de aceitação genuína da comunidade científica cada vez mais exigente, os filósofos foram, juntamente com o contexto de suas épocas, desenvolvendo teorias lingüísticas para responder aos novos desafios.

Nosso objetivo neste trabalho é o de apontar algumas perspectivas acerca do Significado da Linguagem a partir dos estudos de Wittgenstein nas suas Investigações Filosóficas (doravante I.F.), relacionando ao importante conceito de Jogos de Linguagem.



No desenvolver-se das teorias da significação, a contínua ênfase posta na atividade do falar e a grande e coordenada variedade dos usos da linguagem levaram, em épocas mais recentes, a uma série de teorias que vão, aqui, agrupadas sob o título de teorias contextualistas da significação. A distinção entre, de um lado, estes valores e, de outro, algumas posições, como o pragmatismo e algumas de suas variedades, não é clara; mas em geral, há uma passagem da ênfase colocada nas atividades do que fala e da reação do que ouve – ou da análise dos efeitos de uma elocução – passagem para a concentração sobre aquilo que faz a pessoa que fala, quando está falando. Os dois pensadores que maior influencia exerceram, neste caso foram Ludwig Wittgenstein e J. L. Austin.





Como diz a citação, o período contextual em tela nos leva a um caminho ligado ao pragmatismo , o que Oslcamp chama de teorias contextualistas da significação, em fim, é o que Wittgenstein vai resumir no § 43 das I.F.:



Para uma grande classe de casos – embora não para todos – do emprego da palavra ‘sentido’ pode dar-se a seguinte explicação: o sentido de uma palavra é o seu uso na linguagem.



Dessa afirmação feita pelo investigador filosófico vai surgir a teoria dos Jogos de Linguagem, donde as I.F. obtém os mais variados exemplos e fundamentos para a nova concepção de linguagem, inclusive a possibilidade de precisão científica tão requisitada em nossos dias.

Quando Santo Agostinho ensina que “cada palavra tem uma denotação, e esta denotação está em relação com a palavra; e é o objeto que a palavra representa” (§ 1), está dentro de uma tradição metafísica platônica, que acredita no universal divino, no uno, derivando a essência da linguagem da mesma fonte. O problema, ressalta Wittgenstein, é que Agostinho usa (§ 3) a afirmativa citada como um sistema de comunicação, que como dissemos, remete ao todo metafísico. Ora, é apenas uma possibilidade, um caminho, um jogo de linguagem delimitado por um contexto e aplicado conforme seu uso.

Ainda na querela agostiniana, Witt. diz que temos muito a aprender com as crianças quando aprendem a falar, pois usam as formas da linguagem primitiva. O que Agostinho faz é uma espécie de adestramento (§ 5), uma explicação que foi suficiente para a época contextual dele. Entretanto, o que se pede em nossa época é uma reflexão aprofundada do significado – que para Witt. vai se traduzir no conceito de jogos de linguagem. Sendo assim, uma importante contribuição desse conceito é o de possibilitar a reflexão acerca das relações lingüísticas diferenciadas presentes em nossa época, que vai contribuir para se encontrar a precisão científica.

Mas como descobrir a significação da linguagem dentro desta nova concepção de Jogos de Linguagem? Já foi apresentado que é através do uso que se aponta para os paradigmas (por ex.: precisão) requisitados em nossos dias. Além da reflexão que acompanha o exercício de práticas do jogo em questão. Ora, cada jogo tem suas regras, contextos, com exigências diferentes, Oslcamp diz que “descobrir a significação é descobrir esta série de práticas”. Contudo, a verdade científica ainda preocupa os pensadores contemporâneos, por isso é importante ressaltar que a situação atual é de aproximação da verdade, do completo e do preciso, do contrário voltaríamos à situação dogmática de Agostinho. Em fim, é “o próprio uso que dá ‘vida’ ao signo” respondendo à questão de como o conceito de jogos de linguagem contribui para a precisão científica requisitada em nossos dias, pois apresenta a possibilidade de delimitação do uso dos jogos, ou apenas quando se joga conscientemente o jogo referente á pesquisa científica para explicar conteúdos científicos.

Um outro ponto a examinar é o fundamento do pragmatismo, fundamento que tem na intersubjetividade o ponto de contato para que a base do conhecimento se efetue. Em questões de linguagem, ou como no caso de jogos de linguagem, sempre interagimos com o outro para que o conhecimento aconteça, portanto não existem jogos de linguagem particulares, pois palavras são sinais públicos, e sinais privados não são portadores de conhecimento . Pelo simples fato de fazer o uso da linguagem para denotar as verdades propostas no jogo, necessitamos do outro para que nossa verdade seja apresentada. Sendo assim, temos o Significado da linguagem como interligado ao outro subjetivo, que abrirá novas portas para pensadores posteriores a Witt., como Habermas.

Finalizando, temos a impressão de não haver uma teoria da significação que aponte para “a verdade”, visto que há muitas teorias, entretanto a contribuição de Witt. É de suma importância para a reflexão filosófica aplicada à linguagem, pois aprofunda e



“nos faz reter o fato simples, mas profundo, de que as ações, tanto quanto as palavras, podem e devem ser parte da linguagem. É nos usos da linguagem que encontramos a significação desta, não naquilo que determinadas palavras designam ou nomeiam, nem em alguma correspondência das coisas com as palavras, ou em idéias ocultas trazidas à mente ao ouvirmos ruídos”.







Referências Bibliográficas



OLSCAMP, Paul J. – Introdução à Filosofia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1980.

STEGMÜLLER, Wolfgang. A Filosofia Contemporânea: Introdução Crítica. Vol. 1. São Paulo: EDUSP, 1977.

WITTGENSTEIN, Ludwig – Investigações Filosóficas & Tratado Lógico-Filosófico. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 1995.

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