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Artigos-->O cientista e o reconhecimento aleatório 20030 -- 31/12/2004 - 21:36 (Rodrigo Moreira Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Rodrigo M. Martins, 200303, UEL, 3º Filosofia

Prof. Gelson Liston



O cientista e o reconhecimento aleatório





Einstein disse certa vez: “Deus não joga dados!” . Com essa afirmação podemos ter uma idéia da impermeabilidade que sondou as posições de Kuhn de um lado, e Popper do outro junto com os racionalistas. Com base numa história da ciência, T. Kuhn apresenta a forma aleatória com que a ciência se constrói, além de apontar para um esclarecimento da noção de crítica científica para o próprio cientista.

Pretendemos neste trabalho verificar o problema da noção de aleatório presente na posição de Kuhn frente a um quase determinismo da ciência presente em seus opositores, fazendo, assim, com que haja um avanço crítico na concepção de ciência presente em nossa época.

Kuhn distingue a ciência em duas dimensões: tipos de ciência e formas da ciência; a seguir temos a caracterização de tipos de ciência:



Acolher a idéia de que existem vários tipos de ciências naturais exige que se aceite uma série de conseqüências importantes, dentre as quais caberia mencionar, de modo explícito, as seguintes: a) requer que se abandone a concepção segundo a qual o progresso científico seria comparável a um processo mais ou menos linear de crescimento; b) requer que ser reconheça estarem os diversos tipos de ciência coligados a diversos tipos de crenças, cujos elementos penetram na ciência, sendo impraticável estabelecer clara distinção entre elementos ‘racionais’ e ‘irracionais’.



Falta-nos apresentar a noção de formas de ciência, o que para Kuhn vai formar-se com a ciência normal e a ciência extraordinária. Interessante lembrar também que o progresso científico não se dá apenas por uma dessas possibilidades, mas é fruto das duas.

O que Kuhn faz é investigar as teorias sob o prisma da história. Assim podemos apresentar o termo que ele coloca em lugar de teoria, que é o de paradigma, que segundo Stegmüller (p. 363) corresponde, no reino dos fenômenos, toda uma coleção de idéias intuitivas básicas. Mas o interessante aqui é notar que todas as observações recolhidas pelos pesquisadores são concatenadas em teorias, que se postulam como dogmas, e que, como quer Popper em sua proposta, sejam abandonadas assim que negadas/falseadas por outra teoria, que seria/estaria sendo construída por meios racionais. Mas a experiência é mais que isso, é aleatória, e não determinada, pois para Kuhn um conflito entre teoria e experiência não tem reflexo sobre a teoria, mas sobre a pessoa que utiliza a teoria .

Quando Kuhn requer do cientista que ele se critique, ou critique suas concepções de mundo e de racionalidade, ele dá um salto qualitativo em relação às posturas racionalista/deterministas, que pressupõem que é a teoria que falha, que é ela que não serve mais, pois já está superada por novos problemas que não consegue resolver. O cientista está sem espírito crítico suficiente para enxergar que deveria optar, às vezes, por um ponto de vista neutro em relação a si mesmo e seu próprio contexto de vida, para a avaliação de teorias que emprega, pois os problemas que surgem, surgem da noção aleatória que está presente, não só no mundo fenomênico, mas também no processo histórico que vivenciamos.

Assim, o cientista quando se depara com a passagem da ciência normal para a extraordinária, tem em vista vários processos ao mesmo tempo. Não é uma procura coordenada que gera a solução, mas sim algo “inesperado”, pois vive a aleatoriedade que está presente em todos os processo de desenvolvimento dos fenômenos. Só assim passa de um paradigma antigo para um outro, novo.



Uma vez que, na passagem do paradigma antigo para o novo, o que temos é permuta de coisas não passíveis de comparação, essa passagem não se efetua gradualmente, sob o influxo da lógica e da experiência. A passagem se dá repentinamente ou nem sequer chega a ocorrer, ou metaforicamente: seus olhos se abrem.



Para poder acompanhar o pensamento de Kuhn parece que temos que recorrer à religião, ou algo parecido, visto que as irracionalidades apresentadas por ele para fundamentar suas opiniões, e conseqüentemente a ciência, nos conduzem à aleatoriedade que está presente na Natureza. Entretanto, até a natureza prevê uma certa racionalidade, existe uma lógica. Tudo nasce, cresce, se desenvolve e morre. Existem até correntes filosóficas que aderem a essa lógica da Natureza para basear suas concepções filosóficas, como o Estoicismo. Mas para poder apresentar uma possível vertente crítica a Kuhn sobre a irracionalidade requisitada nas descobertas científicas, poderíamos ressaltar que o ser humano não consegue entender a lógica presente no espaço aleatório que domina a Natureza, pois no fim, tudo morre, passa, - e parece que está na essência do ser humano não querer passar - e é justamente esta posição que Popper assume quando detectamos indícios de dogmatismo em sua teoria, pois é través dos dogmas que as teorias vão se superando. Compreender a racionalidade da Natureza nos levaria a um confronto com a metafísica, coisa que Kuhn nos leva bem perto, afinal, muitas polêmicas que são aplicadas a ele provêm desta concepção de mundo.



Com efeito, ele fala de vivências conversoras, de mudanças gestálticas, da crença em algo, da incomensurabilidade, da decisão em acolher alguma coisa nova, de persuasão, propaganda e morte. É natural que esta forma de contemplar as ciências naturais e seu desenvolvimento haveria de despertar polemicas muito sérias. A posição unânime dos que combatem as idéias de Kuhn poderia, talvez, resumir-se desta maneira: ‘se aceitarmos o quadro pintado por Kuhn, seremos forçados a admitir que os processos irracionais não se limitam a acompanhar e impulsionar a ciência natural e, igualmente, as revoluções científicas; seremos forçados a admitir que as duas formas de ciência não passam de acontecimento inteiramente irracionais’.





Enfim, o cientista que reconhece que a Natureza – objeto de estudo dele – possui características aleatórias, só tem a ganhar no processo de desenvolvimento científico e de sua própria vida. Vimos que o que Kuhn deixou escrito foi uma possibilidade de esclarecimento à todos aqueles que se pretendem ‘descobridores’ de explicações de mundo. O respeito e a humildade intelectuais deveriam reger as mentes brilhantes que buscam o conhecimento, pois assim os paradigmas estariam num processo mais conciso com a natureza do ser humano. Afinal, será que Deus não joga dados?

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