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Artigos-->Hegel e Habermas a Kant 110303 -- 31/12/2004 - 21:31 (Rodrigo Moreira Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Prof. Gilvan Hansen 110303

Aluno: Rodrigo M.Martins



1- O que é para Habermas o positivismo e como a filosofia contribuiu para o seu surgimento e consolidação.

2- Quais as principais críticas de Hegel e Habermas a Kant?



1- O positivismo é uma postura não-crítica/não-reflexiva do conhecimento; é a crença da ciência em si própria de que ela é “O conhecimento”, e não apenas uma forma de conhecimento. É o método transformando-se em puro e único conhecimento, isto levado ao extremo, porque chega a ser um discurso de autofundamentação da ciência. Habermas também vai chamar de “cientismo” esta crise na teoria do conhecimento, assim como diz;



é uma metodologia acionada pela autocompreensão cientificista das ciências. ‘Cientismo’ significa a fé da ciência nela mesma, a saber, a convicção de que não mais podemos entender ciência como uma forma possível de conhecimento mas que este deva identificar-se com aquela.



Esta noção de cientismo nos leva à segunda parte da pergunta, pois remete à crítica de Habermas a Kant, dizendo que este último tomou a ciência de seu tempo como modelo de conhecimento para fazer a crítica à metafísica clássica, fortalecendo a ciência de seu tempo e destruindo a metafísica, abrindo, assim, um dos primeiros e mais importantes espaços para o positivismo. Foi uma espécie de “cristalização” da história, ou seja, uma leitura não-contextual, o que Hegel vai criticar dizendo, e posteriormente Habermas, que há um progresso no conhecimento, que fazemos parte de um projeto que vai ser aperfeiçoando conforme o contexto, e não podemos fincar estacas num único período da história.

Também houve a rejeição, por parte de Hegel, do “aparato crítico” kantiano, fazendo com que a teoria do conhecimento desse alguns passos atrás no seu desenvolvimento, abrindo caminho para o absolutismo da metodologia auto-fundamentadora, sem conteúdo reflexivo, levando, também, a uma renúncia por parte da filosofia da ciência legítima a partir de um horizonte possível de conhecimento, sem a radicalização de um conhecimento absoluto. Então, Habermas “defende a tese de que a ciência não foi, a rigor, pensada filosoficamente depois de Kant”.

Em fim, Habermas aponta o fim da ciência e o início do positivismo auto-fundamentador após Kant, contudo, a crise á agravada tanto por Hegel quanto por Marx, assim como segue:



Hegel pôde mostrar, contra Kant, que a auto-reflexão fenomenológica do conhecimento é uma radicalização indeclinável da crítica co conhecimento; em meu entender, porém, ele não executou essa crítica de maneira conseqüente, mas a vazou previamente nos moldes dos pressupostos da identidade filosófica. Marx, cujo materialismo histórico incentivou particularmente a cadência da auto-reflexão hegeliana, compreendeu mal seu próprio plano de trabalho e completou, por isso, o desmantelamento da teoria do conhecimento.





2- Uma das principais críticas de Hegel a Kant é justamente em sua base cognitiva, em que ele aponta um



círculo, junto ao qual a teoria do conhecimento deve curvar-se de sua falsa consciência e pelo qual ela pode, enquanto reflexão, chegar à consciência de si mesma, Hegel o toma como indício de pseudoverdade por excelência do criticismo.



Também se volta contra a teoria do órganon cognitivo, que para Kant gera o mundo, mas cai em sua próprias teias, como aponta Habermas na crítica de Hegel:



O deslocamento dos dois modelos cognitivos, o do instrumento e o da mediação, traz à luz uma série de pressuposições implícitas, próprias a uma teoria crítica que pretende não ter pressupostos de modo algum. Assim a crítica deve, em verdade, sempre já saber mais do que confessa poder saber.



Com Hegel e Habermas a teoria do conhecimento chega a um nível de reflexão que “vem sendo”, vem se construindo, e por isso mesmo não se reconhece, não há ponto de referencia seguro. Se antes de Hegel os postulados para a teoria do conhecimento baseavam-se numa dúvida incondicionada (Descartes-Kant), que não necessitaria de nenhuma fundamentação, chegando a ser chamada de “assunto de fé” p.33, Hegel



contrapõe à intenção abstrata da dúvida radical um ceticismo que se realize integralmente: a série de suas formas que a consciência percorre nesse caminho é... a história em detalhe da formação da própria consciência rumo à ciência.



Assim são traçadas as 3 pressuposições que são criticadas por Hegel e corroboradas por Habermas:



a) uma determinada categoria de saber, que encontra disponível, é tomada como forma prototípica de conhecimento. P.34.



Ou seja, é a questão de se tomar o período histórico em que se vive, ou algum escolhido, e torna-lo como paradigma para a teoria do conhecimento, ex. a matemática e a física da época de Kant. Contudo Hegel afirma que



um saber que se apresenta como ciência é, antes de mais nada, um saber que se torna manifesto. [...] Com isso a pesquisa crítica do conhecimento não recai no dogmatismo do bom senso; apenas dirige sua critica de forma igualmente incondicional também contra si mesma, na medida em que não pode, simplesmente, pressupor seus parâmetros, com os quais fica em condições de examinar o processo cognitivo.



b) A suposição do conhecimento ou, dito em outras palavras, um conceito normativo do Eu.



É o eu penso cartesiano possibilitando um tribunal de autoconsciência para os julgamentos, ou como já dissemos: uma questão de fé. Portanto sem fundamento, ou como diz Hegel uma consciência não-transparente para consigo mesma (p.36), ou até mesmo não reflexiva, o que levaria à crítica/abertura para o inicio do positivismo.



A consciência disposta a principiar o exame não dispõe, sem mais nem menos, do sujeito que procura cientificar-se criticamente; esse sujeito torna-se disponível somente com o resultado de tal autocientificar-se.



Por fim, a experiência fenomenológica nos “arrasta para dentro da reflexão”, dando-nos um “retorno da consciência”, conforme é tratado na pág. 37. Entretanto ainda temos a última pressuposição implícita, da qual parte uma critica abstrata do conhecimento:



c) A distinção entre razão teórica e razão prática. p.37.



O problema desta pressuposição é que a “reflexão rompe – para o mundo sensível, com uma falsa concepção das coisas e, ao mesmo tempo, com o dogmatismo de uma existência que apenas se mantém por costume e tradição”. P.37. Mais um indício de não-reflexão, ou mais propriamente uma postura não-crítica frente às questões da teoria do conhecimento baseadas no contexto; ou também naquilo que Hegel vai chamar de negação determinada, que salva do ceticismo oco, esse que sempre vê no resultado apenas o puro nada e abstrai que este nada é, com toda certeza, o nada daquilo do qual este último resulta(p.38):



Sob este aspecto falamos em processo formativo: a relação entre dois sistemas, onde uma ordem cede lugar à outra, não se constitui por um intercâmbio lógico ou causal, mas se processa no sentido da negação determinada.



Concluindo, vemos juntamente com Habermas, que Hegel coloca à prova os pressupostos kantianos frente à suas próprias pressuposições, ou seja, faz uma autocrítica da teoria do conhecimento que se baseia no critério da demarcação apriorística dos limites entre determinações transcendentais e empíricas.(p. 39) As críticas de Hegel são corroboradas por Habermas, mas não sem este último ressalvar que Hegel deixa algumas de suas afirmativas sem uma explicação satisfatória.

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