Usina de Letras
Usina de Letras
152 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62190 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22534)

Discursos (3238)

Ensaios - (10352)

Erótico (13567)

Frases (50596)

Humor (20028)

Infantil (5426)

Infanto Juvenil (4759)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140793)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1960)

Textos Religiosos/Sermões (6185)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Sociologia, Marx e a cotidianidade 011003 -- 31/12/2004 - 21:18 (Rodrigo Moreira Martins) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Sociologia, Marx e a cotidianidade 011003; Rodrigo Moreira Martins

Prof. Ariovaldo



“A cotidianidade é o espaço no qual são produzidas e reproduzidas as relações sociais, as quais só podem ser compreendidas dialeticamente pela apreensão da unidade entre aparência e essência”.



INTRODUÇÃO



Um ser só se considera autônomo, quando é senhor de si mesmo, e só é senhor de si, quando deve a si mesmo seu modo de existência.



Tomamos esta afirmação como proposição para trabalhar com alguns autores que tratam com Karl Marx, para que possamos fazer pontes entre esse pensador e a cotidianidade. Claro, não pretendemos uma reflexão profunda do pensamento marxista e muito menos de sua política impregnada de dialética determinista. Contudo, é necessário atentar que o pensamento de Marx gira em torno de um eixo econômico (luta de classes), logo, sua política está dependente dessa classificação. O pensamento sociológico que se erige a partir de então, faz com que a força do pensamento marxista seja vista na cotidianidade como algo revolucionário e, conseguintemente, faça surgir várias tendências emancipatórias entre patrão e trabalhador para que as desigualdades seja diminuídas e o “bem geral” , proveniente do sentido histórico material que está implícito na história, seja revelado.

É através de um “jogo” dialético que Marx pretende “profetizar” um novo tipo de Estado: o Socialista. Resultado de uma luta de classes utópica, materialista. A crítica posterior e a realidade vão demonstrar que suas teses não vingaram, contudo, seu pensamento apresentou à uma humanidade predisposta à uma fuga de responsabilidades sociais, caminhos a ser considerados. Novas perspectivas surgiram de suas idéias materialistas, posteriormente aprofundadas por seus seguidores e críticos.

Vejamos, então, alguns tópicos sobre o desenvolvimento do marxismo, procurando uma aproximação com seu pensamento político e com a cotidianidade ligada à sociologia.







O MATERIALISMO HISTÓRICO





A segunda metade do séc. XIX foi o período de apogeu do Materialismo em todas as suas manifestações: científica, naturalista, monista, evolucionista.

Na mesma época, Marx e Engels formularam o Materialismo Histórico ou Dialético, fundamentados no método hegeliano. Marx se considerava um hegeliano às avessas: “o meu método dialético não difere do método hegeliano somente na base, mas é absolutamente oposto”. Para Hegel a realidade era a idéia (idealismo absoluto), para Marx a realidade passou a ser considerada no plano econômico, enfim, o homem com suas necessidades humanas materiais (materialismo histórico).



Marx era determinista. Para ele, as idéias do homem, os ideais sociais e outros são determinados por suas circunstancias e, em particular, por sua circunstancias econômicas. As classes trabalhadora e capitalista são inimigas naturais; e dado que só o que existe é a natureza, e sendo o que são as forças econômicas operantes no âmbito das sociedades opostas, nada pode impedi-lo. Aquilo que deve ser nada tem a ver com isso; o que deve ser e o que é são idênticos, e ambos são igualmente determinados pelas mesmas leis históricas necessárias.



As utopias comunistas, porém, não datam da era contemporânea. Desde a antiguidade notamos as concepções de um estado socialista ideal, como por exemplo a República de Platão, passando depois à Utopia de Tomás Morus, à Cidade do Sol de Campanela, à Nova Atlantis de Bacon e tantos outros.

Todavia, a Marx e Engels devemos a concepção do materialismo histórico de nossos dias, que deveria redundar num estado socialista ideal.



O termo ‘marxismo’ sempre comportou uma dupla acepção: designava tanto um projeto teórico para a compreensão do mundo social como projeto político para sua mudança. Tradicionalmente, esses objetivos eram pensados como complementares: a teoria marxista deveria orientar a direção, e mesmo, talvez, o conteúdo da teoria marxista. Nesse sentido, historicamente, o marxismo sempre teve uma dimensão ‘emancipatória’. No seu conteúdo, e no seu aparato explicativo, ele tinha como objetivo compreender aspectos da compreensão humana e, teorizando as condições de eliminação dessa opressão, avançar na luta pela liberdade humana.







O DESENVOLVIMENTO DA CRÍTICA HODIERNA



Marx e Engels, ao tomarem contato com a literatura socialista de sua época, assinalaram as brilhantes idéias de seus antecessores sem deixarem de elaborar algumas críticas a este socialismo, a fim de dar-lhe maior consistência teórica e efetividade prática. Assinalavam que as lacunas existentes neste tipo de socialismo possuíam uma relação com o estágio de desenvolvimento do capitalismo da época, uma vez que as contradições entre burquesia e proletariado não se encontravam ainda plenamente amadurecidas.

Atuavam os “utópicos” como representantes dos interesses da humanidade, não reconhecendo em nenhuma classe social o instrumento para a concretização de suas idéias.

A filosofia alemã da época de Marx encontrara em Hegel uma de suas mais expressivas figuras. Como se sabe, a dialética ocupava posição de destaque em seu sistema filosófico. A tomarem contato com a dialética hegeliana, eles ressaltaram o caráter revolucionário, uma vez que o método de análise de Hegel sugeria que tudo o que existia, devido às suas contradições, tendia a extinguir-se. A crítica que eles faziam à dialética hegeliana se dirigia ao seu caráter idealista. Assim procuraram “corrigi-la”, recorrendo ao materialismo filosófico de seu tempo.

Marx faz a crítica do Estado burguês e, por conseguinte, do liberalismo. Para ele, o comunismo que foi instaurado com a Revolução Francesa era utópico, pois se deu apenas a igualdade jurídica, e para alcançar a igualdade efetiva, era necessário a revolução econômico-social. Essa igualdade pregada na Revolução Francesa servia apenas para o setor economicamente dominante, a burguesia. A igualdade jurídica, sem a revolução econômica-social, era apenas aparente, que escondia e consolidava as desigualdades reais.



O mundo da pseudoconcreticidade é um claro-escuro de verdade e engano. O seu elemento próprio é o duplo sentido. O fenômeno indica a essência e, ao mesmo tempo, a esconde. A essência se manifesta no fenômeno, mas só de modo inadequado, parcial, ou apenas sob certos ângulos e aspectos. O fenômeno indica algo que não é ele mesmo e vive apenas graças ao seu contrário. A essência não se dá imediatamente; é mediata ao fenômeno e, portanto, se manifesta em algo diferente daquilo que é. A essência se manifesta no fenômeno. O fato de se manifestar no fenômeno revela seu movimento e demonstra que a essência não é inerte nem passiva. Justamente por isso o fenômeno revela a essência. A manifestação da essência é precisamente a atividade do fenômeno.



Ele chegou a conclusão que as relações jurídicas não podem ser compreendidas por si só, pois suas raízes nas relações materiais de existência. A sociedade civil é entendida como o conjunto das relações econômicas e elas que explicam o surgimento do Estado, seu caráter e natureza de leis. A sociedade civil, isto é, as relações econômicas, vivem no quadro de um Estado determinado, na medida que o Estado garanta aquelas relações econômicas. Na verdade, não é o Estado que determina a estrutura econômica, e sim o contrário.

No que se diz respeito ao socialismo, o ideal democrático representa um elemento integrante e necessário, mas não constitutivo. Integrante porque uma das metas do socialismo foi o reforço da base popular do Estado. Necessário, porque sem este esforço jamais seria alcançada a transformação que os socialistas tinham como perspectiva. Por outro lado, o ideal democrático não é constitutivo do socialismo, porque a essência deste sempre foi a idéia da revolução das relações econômicas e não apenas da emancipação política do homem.

Se o contexto histórico do surgimento e da formação da sociologia coincidiu com um momento de grande expansão do capitalismo, infundindo otimismo em diversos sociólogos com relação a civilização capitalista, os acontecimentos históricos que permearam o seu desenvolvimento tornaram no mínimo problemáticas as esperanças de democratização que vários sociólogos nutriam com relação ao capitalismo. O desenvolvimento desta ciência tem como pano de fundo a existência de uma burguesia que se distanciara de seu projeto de igualdade e fraternidade, e que, crescentemente, se comportava no plano político de forma menos liberal e mais conservadora, utilizando intensamente os seus aparatos repressivos e ideológicos para assegurar a sua dominação.

O aparecimento das grandes empresas, monopolizando produtos e mercados, a eclosão de guerras entre as grandes potências mundiais, a intensificação da organização política do movimento operário e a realização de revoluções socialistas em diversos países, eram realidades históricas que abalavam as crenças na perfeição da civilização capitalista.

























CONCLUSÃO



A profunda crise em que mergulhou a civilização capitalista em nosso tempo não poderia deixar de provocar sensíveis repercussões no pensamento sociológico contemporâneo, na cotidianidade. O desmoronamento da civilização capitalista, levado a cabo pelos diversos movimentos revolucionários e pela alternativa socialista fez com que o conhecimento científico fosse submetido aos interesses da ordem estabelecida. As ciências sociais, de modo geral, passaram a ser usadas para produzir um conhecimento útil e necessário à dominação vigente, perdendo a força de uma possível “critica da crítica”.

A antropologia foi largamente utilizada para facilitar a administração de populações colonizadas; a ciência econômica e a ciência política forneceram freqüentemente seus conhecimentos para a elaboração de estratégias de expansão econômica e militar das grandes potências capitalistas. Tudo isso fez com que o espaço no qual o ser social produz e reproduz sua existência, seja cada vez mais marcado pela imediaticidade, deixando de lado a processualidade, que é justamente o caminho para se apreender a essência do objeto, da vida.

A sociologia também, em boa medida, passou a ser empregada como técnica de manutenção das relações dominantes. As pesquisas de inúmeros sociólogos foram incorporadas à cultura e à prática das grandes empresas, do Estado moderno, dos partidos políticos, à luta cotidiana pela preservação das estruturas econômicas, políticas e culturais do capitalismo moderno. O sociólogo de nosso tempo passou a desenvolver o seu trabalho, via de regra, em complexas organizações privadas ou estatais que financiam suas atividades e estabelecem os objetivos e as finalidades da produção do conhecimento sociológico. Envolvido nas malhas e nos objetivos que sustentam suas atividades, tornou-se para ele extremamente difícil produzir um conhecimento que possua uma autonomia crítica e uma criatividade intelectual: sua processualidade nem sempre está em boas condições, talvez por isso a cotidianidade provoque cada vez mais dificuldade para a existência social do ser humano.















REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS



FORACCHI, Marialice Mencarini; MARTINS, José de Souza. Sociologia e Sociedade: Leituras de Introdução à Sociologia. Rio de Janeiro:Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 1977.

KOSÍK, Karel. Dialética do Concreto. Rio de Janeiro: Paz e Terra.

MARX, Karl.Manuscritos Econômico-Filosóficos e Outros Textos escolhidos. São Paulo: Abril Cultural, 1978. (Coleção Os Pensadores)

MARX, Karl; ENGELS; Friedrich. O manifesto Comunista. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1999.

MCLELLAN, David. Karl Marx: vida e pensamento. Petrópolis: VOZES, 1990.

NETTO, J.P.; CARVALHO, M.C. Brant de. Cotidiano: Conhecimento e crítica. São Paulo: Cortez, 1996.

OLSCAMP, Paul J. Introdução à Filosofia. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 1980.

PADOVANI, Umberto & CASTAGNOLA, Luis. História da Filosofia. São Paulo: Melhoramentos, 1978.

WRIGHT, Erik Olin; LEVINE, Andrew; SOBER, Elliott. Reconstruindo o Marxismo: ensaios sobre a explicação e teoria da história. Petrópolis: VOZES, 1993.

Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui