AUREÓLA DE ESTRELAS
No turbilhão dos dias atuais, entre as glórias da inteligência e as
misérias
morais que desbordam em toda parte, as conquistas incomparáveis da
ciência e da
Tecnologia e as perdas espirituais sem limites, recordo-me de você,
mãezinha
querida.
Quando a mulher, aviltada pelo abuso da agressividade generalizada e
pelos
distúrbios do sexo em desalinho, se olvida de preservar a missão
maternal como
recurso de luz para a grande noite terrestre, revejo-a no eito do
sacrifício,
educando a prole e cantando hinos de louvor à vida.
Não desejando que o sofrimento seja o companheiro inseparável da
maternidade
consagrada pelo amor, não posso olvidar que ser mãe é desatar o
sentimento de
abnegação das amarras do egoísmo em favor do filho carente de
ternura e de
apoio. Todavia, quando algumas mulheres se negam ao dever
santificante de
procriar para preservar as formas e por egoísmo feroz, revejo-a
envolta em
beleza seráfica, superior a essa que se transforma a todo momento.
Agora, quando mães infelizes repudiam os filhos, face à alternância
de
parceiros, ou os expulsam do lar, porque experimentam carência
financeira,
agradeço a Deus a sua presença em minha vida.
Nestes angustiantes dias, nos quais o aborto hediondo produz
infanticídios
legais, mais grandiosa se me faz a sua maternidade quer a abnegação
consagrou.
Sei que você hoje, no mundo espiritual, se encontra no afã de
proteger a prole
que Deus lhe concedeu, mas que vem tomando também os filhos
abandonados por
outras ma~es como seus próprios filhos, recolhendo os Espíritos que
tiveram a
existência física perversamente interrompida, deles todos fazendo-se
mãe
dedicada em nome do Amor.
Em razão disso, mãezinha inolvidável, eu gostaria de aureolá-la com
estrelas,
caso elas pudessem diminuir de volume sem perderem o brilho,
formando uma coroa
fulgurante para que você esplendesse nesta grande noite terrestre,
chamando a
atenção de outras mulheres para o dever sagrado da maternidade.
Ante a impossibilidade de realizá-lo, recolho as minhas lágrimas de
gratidão e
converto-as em diamantes com as quais elaboro a auréola de beleza em
torno da
sua cabeça veneranda, expressando-lhe o meu eterno sentimento de
amor.
Deus a abençoe, no eu Dia e sempre, mãezinha querida!
[Amélia Rodrigues]
[Divaldo P. Franco]
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