REFORMAS
Filemon F. Martins
Nestes últimos dez anos (oito com FHC e 2 com Lula), um dos temas mais abordados no governo federal foram as Reformas. Reforma Administrativa, Previdenciária, Tributária, Judiciário, Política (essa, só no papel), Constitucional, etc. Em 1998, com FHC já se fez a reforma administrativa e agora com Lula, a reforma da previdência de forma precipitada e prejudicial aos servidores públicos federais ativos e aposentados, como queria o governo.
No entanto, o que se lê nos jornais todos os dias são títulos como este da Folha de S. Paulo, do dia 27/12/2004, que diz: “VERBAS FEDERAIS SÃO DESVIADAS EM GUARIBAS.” E ainda: “Faltou merenda escolar, o cadastro dos beneficiários do Bolsa-Família não existe, as crianças do Programa de Erradicação do Trabalho Infantil não receberam os repasses e as verbas para a construção de módulos sanitários e sistema de água foram desviadas.”
Conclui-se, então, que o Brasil precisa urgentemente de reformas, mas a principal reforma de que necessitamos é a reforma interior do ser humano. Estamos carentes de pessoas com caráter, honestidade e princípios. O pior é que esta situação ocorre em locais de extrema pobreza, como Guaribas e Acauã (PI), escolhidas pelo governo federal como cidades piloto do Fome Zero até as grandes metrópoles brasileiras. Nenhuma escapa da ação nefasta dos aproveitadores sem escrúpulos, verdadeiros parasitas que infestam todos os escalões da administração pública, direta ou indireta e também privada.
Tem-se a impressão de que o número de pessoas decentes, íntegras, com princípios e valores morais elevados, que administram as organizações públicas e privadas e dirigem os destinos do País é infinitamente menor que o número de “políticos nanicos” e “empresários oportunistas” que ficam à espreita de algum programa social do governo, seja ele municipal, estadual ou federal, para transformá-lo em “negócio” e ganhar dinheiro ilicitamente, dando-nos a certeza de que nenhuma reforma salvará o Brasil, enquanto não se colocar na cadeia estes espertalhões criminosos e seus cúmplices.
Exalte-se o esforço da Controladoria Geral da União (CGU), que promove caravanas de fiscalização em municípios sorteados. Seria interessante, porém, fazê-lo mais amiúde, a fim de que os gatunos fossem pegos no ato, com a mão dentro da cumbuca e não algum tempo depois, como tem ocorrido normalmente no Brasil. 2005 está aí e o governo federal tem mais uma oportunidade de mostrar porque entrou em campo, já que até agora só fez gol a favor da elite nacional. Quanto ao trabalhador, este vai continuar assuntando e esperando...
filemon.martins@uol.com.br
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