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Artigos-->Inclusão social: o Brasil deve isso! -- 28/12/2004 - 16:06 (João Rios Mendes) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
No dia 14 de novembro último eu estava em casa brincando com minha netinha quando passou um homem vendendo algodão doce. Vovô e algodão doce formam uma combinação irresistível para qualquer criança.



Chamei o vendedor, comprei a guloseima e simpaticamente o moço queixou-se de sua gripe, falou-me da sua origem maranhense e de seus 81 anos de idade. Começou a se queixar do governo Lula que só ‘vivia viajando’, que ‘não estava satisfeito’ com certos Senadores (citou vários) e nas próximas eleições mudaria seu voto.



Ele aceitou o meu convite para se sentar, e o nosso encontro durou cerca de 15 minutos. Nesse ínterim tentei explicar-lhe que as viagens do Presidente eram para trazer mais dinheiro para o país, aumentar a nossa balança comercial. Citei a importância da visita do presidente chinês, Hi Juntao, e quanto o Brasil ganhará com esse acordo. Percebi que ele não era letrado, mas era conhecedor da movimentação política do país.



Ao me ouvir atentamente aquele moço me deixou sem argumentos quando me perguntou o que ele, ‘um velho sem forças, ganhando da previdência uma pensão menor que o salário mínimo’, ganharia com os acordos internacionais. ‘O Brasil ganha, e eu ganho o quê? O que os nossos netos ganharão? Todos os presidentes gastaram fortunas viajando. Na minha família os meus netos estão sem emprego. Para onde está indo o dinheiro que o Brasil recebe? Só vejo falar que balança comercial bateu o superávit comercial... ’.



Naquele mesmo dia o noticiário nacional informava que 14 turistas estrangeiros foram vítimas de assaltados por pivetes no Rio de Janeiro, inclusive tendo uma turista japonesa sido atropelada ao tentar fugir dos meliantes.



Para conter a violência, o Chefe de Polícia adotou novas manobras do efetivo policial. O responsável pela rede hoteleira, temendo a debandada dos turistas, pedia o fim da violência. A governadora reuniu seu secretariado para avaliar a situação, alegando que os turistas trazem milhões de reais e aumentam a arrecadação da receita do Estado, e esse ataque fora divulgado na imprensa do mundo inteiro.



Como estes dois fatos aconteceram no mesmo dia, me chamou a atenção que tanto o vendedor de algodão quanto os ladrões no Rio de Janeiro não se sentem beneficiados com o crescimento comercial do país. Tanto é assim que os ladrões afugentam os turistas. Para estes pivetes tanto faz os turistas gastarem o seu dinheiro aqui ou em outro país.



Para estes excluídos, pouco interessa se o Brasil está tendo altos lucros com o comércio exterior ou com a chegada dos turistas. Esta visão prova a tese de que o saldo positivo da balança comercial não resolve o problema da desigualdade social, da distribuição de renda. Tanto o vendedor quanto os assaltantes precisam se sentir beneficiados com a riqueza estatal.



Sem a repartição dos lucros, os que são beneficiados com a riqueza do país não poderão usufruir do seu dinheiro enquanto a outra parte da população estiver à margem de uma vida digna. Não adianta morar em condomínio fechado, blindar os carros, contratar seguranças pessoais, de uma hora para outra poderemos ser vítimas diretas ou indiretas da ação de vândalos.



Na hora de trabalhar, todos nós somos convocados e o fazemos de corpo e alma, mas na hora do lucro, por que somos afastados dos benefícios?



Inclusão social, o Brasil deve isso aos brasileiros. Ao vendedor faltam aposentadoria, assistência médica e segurança dignas; aos assaltantes faltam escolas, empregos para si, para seus pais e avós.





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