Usina de Letras
Usina de Letras
117 usuários online

Autor Titulo Nos textos

 

Artigos ( 62164 )

Cartas ( 21334)

Contos (13260)

Cordel (10449)

Cronicas (22530)

Discursos (3238)

Ensaios - (10349)

Erótico (13567)

Frases (50574)

Humor (20027)

Infantil (5423)

Infanto Juvenil (4753)

Letras de Música (5465)

Peça de Teatro (1376)

Poesias (140791)

Redação (3302)

Roteiro de Filme ou Novela (1062)

Teses / Monologos (2435)

Textos Jurídicos (1959)

Textos Religiosos/Sermões (6182)

LEGENDAS

( * )- Texto com Registro de Direito Autoral )

( ! )- Texto com Comentários

 

Nota Legal

Fale Conosco

 



Aguarde carregando ...
Artigos-->Retrospectivas de Final de Ano -- 29/11/2004 - 11:09 (Domingos Oliveira Medeiros) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


O BRASIL E OS JORNAIS DO BRASIL

(Por Domingos Oliveira Medeiros)



Domingo passado, dia 16, ao ler os jornais, experimentei estranha sensação de tristeza: os jornais estavam magros, desnutridos e sem novidades. O JB, por exemplo, mostrava-se bem diferente de quando eu ainda morava no Rio, lá pelos idos de 1960/1970, aproximadamente.



Os cadernos como os de Esportes, Casa, Brasília e de Viagens, continham, apenas, quatro folhas cada. O famoso Caderno B e o dedicado ao Rio, cinco folhas cada. Pouco mais gordinhos, o caderno principal e a Revista de Domingo. Mas nada de excepcional. Todos magros e sem novidades para contar aos seus leitores; aqui, acolá, uma opinião ou m assunto diferente, por conta de colaboradores independentes. Cheguei a duvidar que era domingo. Pelo rosto do JB, principalmente, o dia estava mais para segunda-feira.



E pensar que o dia de domingo, quando morava no Rio, era sagrado. Acordava cedo e corria para a banca de jornal , na começo da rua Alice, no bairro de Laranjeiras, para garantir o exemplar do JB. Um jornal bem nutrido. E de qualidade. Quase da grossura da lista telefônica. Saudável e repleto de informações e assuntos para todos os gostos e interesses. Detalhe: muitas oportunidades de negócios e de empregos nos seus famosos cadernos de classificados do tipo “procura-se, vende-se, compra-se, empresa de porte médio necessita, e assim por diante.



Jornal embaixo do ombro direito, e saco de pão na mão, voltava para casa, ansioso para saborear o JB. Inteirar-me das novidades; e da oferta de empregos; que apareciam aos montes, como um grande cardume à disposição dos pescadores. O único trabalho era relacionar as ofertas de empregos e preparar o roteiro a ser cumprido, na segunda-feira, pelas ruas do Centro da Cidade. Só não trabalhava quem não quisesse.



Mas hoje, o quadro mudou para pior. Oi assuntos são fastidiosos e repetitivos. E não há empregos. O que teria acontecido com os jornais, de modo geral, e com o JB, de modo particular? E com o nosso Brasil?



Cheguei a triste conclusão de que o Brasil está doente; envelhecido, maltrapilho e esfomeado. Sem energia, sem ânimo e muito endividado. Ensaiando um mirabolante espetáculo de crescimento, sem graça, para muitos palhaços. Suas estradas esburacadas, em parte, explicam as razões do seu andar lento: semelhante ao ancião de bengalas; vistas cansadas, já não enxerga luz no final do túnel.



O Brasil está parado para o futuro. E andando para trás: para o passado. Repetindo-se nos mesmos erros: endividamento crescente, subserviência ao capital estrangeiro, juros altos, vulnerável à especulação financeira, alta concentração de rendas, desemprego, violência, escândalos, corrupção, impunidade, fome e miséria. Desperdício de recursos, falta de investimentos em setores estratégicos e ausência de políticas industriais..



.Nada de novo. Infelizmente, um quadro sem cores. Ou cinza borrado, se quiserem.



Talvez por isso a tristeza tenha tomado conta dos jornais. E a crise, tornando-os magros, em todos os sentidos. Tudo indica que os jornais acompanham a repetição da crônica letargia que tomou conta do país. E os assuntos (ou as desculpas) se repetem.



Somos, hoje, o país das mesmas retrospectivas de final de ano: enchentes no nordeste, secas no sul; recesso parlamentar; desemprego e aumento da violência; eleições e reeleições; promessas e mais promessas de que tudo será resolvido, a médio e longo prazos. A curto prazo, impossível. Há mais de dez anos a história era a mesma. E o longo prazo virou curto prazo. Nada se resolveu. Continuam os problemas de sempre: fome e miséria. Banqueiros e políticos entusiasmados com o rumo de nossa economia. Com as altas taxas de juros.



E o governo, quando não está viajando, dedica todo o seu tempo para negociações políticas. Em troca de cargos, de ministérios, de liberação de recursos para os parlamentares adoçarem a boca de seus eleitores. Com o dinheiro deles. Do orçamento. Da receita arrecadada com os impostos. Que são muitos. E que aumentam sempre.



E a . População deprimida. Fantasmas e Vampiros assombram o nosso dia-a-dia. Ninguém vai preso. Nenhum tostão da montanha de recursos desviados para paraísos fiscais ou roubado dos cofres públicos é recuperado. Ninguém vai preso. Apesar do festival de Comissões Parlamentares de Inquérito.



Acho que até o bom velhinho, o Papai Noel, já não ri com o mesmo entusiasmo de outrora. No tempo em que ele existia, de fato. Pelo menos, para mim.



A neurose do medo está minando as ultimas esperanças. Esperanças de um país melhor: todos com muito dinheiro no bolso; e saúde para dar e vender.



A preços de mercado e com correção monetária. Sem inflação, preferencialmente. E todos bem empregados, naturalmente. Quando dezembro chegar, espero que Papai Noel nos ajude e nos dê o melhor presente: a nossa liberdade, com justiça social, para colocar as mãos nos bolsos e, assobiando qualquer canção, andar livremente pelas ruas de nosso país, sem lenço e sem documento, e sem ter medo de ser feliz.





Atualizado em 29 de novembro de 2004.







Comentarios
O que você achou deste texto?     Nome:     Mail:    
Comente: 
Renove sua assinatura para ver os contadores de acesso - Clique Aqui