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Artigos-->BUSH VISITA UM AMIGO -- 28/11/2004 - 12:22 (Vitor Gomes Pinto) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos


Logo depois de assistir ao fórum econômico da Ásia e do Pacífico (Apec) que reuniu em Santiago do Chile a vinte e um países e apoiou formalmente a adesão de Vietnam e Rússia à Organização Mundial do Comércio, o presidente George W. Bush fez sua primeira visita a um país desde sua reeeleição. O privilégio foi concedido a um amigo e estreito colaborador internacional: o colombiano Álvaro Uribe. Durante quatro horas os dois líderes se encontraram na 2a. feira 22 de novembro em Cartagena, data em que, há 41 anos, era assassinado John Fitzgerald Kennedy. Um aparato de segurança composto por 15 mil homens, 50 cachorros adestrados e dois robôs antiexplosivos, um porta-aviões, aeronaves de combate, fragatas e submarinos dotados de instrumentos de interceptação por satélite, garantiu a estada de Bush, num espetáculo que se repete a cada cidade que ele decide visitar, causando constrangimentos e enormes despesas a seus anfitriões.

É um gesto que tem mais simbolismo do que efeitos práticos, mesmo porque a ajuda financeira de Washington a Bogotá já está garantida (a Colômbia só perde para Israel e Afeganistão em termos de ajuda externa norte-americana). Quando começava o primeiro mandato, Bush foi ao México para abraçar Vicente Fox e isso foi interpretado como uma concessão de prioridade à América Latina que nunca se concretizou. Agora, é acima de tudo um aviso de caráter político aos vizinhos numa América do Sul cuja tendência para a centro-esquerda tornou-se mais nítida com a recente vitória de Tabaré Vasquez no Uruguai e com a conquista de 400 prefeituras municipais pelo Partido dos Trabalhadores no pleito municipal brasileiro. Em particular, constitui um aviso a mais para Hugo Chávez que após o triunfo do seu Movimento V República nas eleições regionais assumiu todos os poderes na Venezuela empurrando a oposição para um beco sem saída. Por coincidência, a ida a Cartagena acontece logo após o violento atentado que tirou a vida de Danilo Anderson, o fiscal que investigava os autores do golpe de 2002 contra Chávez, num episódio que segue envolto em denso mistério, gerando uma onda de mútuas acusações entre oposição e governo na busca dos autores e reais mandantes.

Uribe, certamente, pode orgulhar-se da demonstração efetiva de amizade e de apoio do mais poderoso mandatário do mundo unilateral de hoje, uma medalha que nenhum outro chefe de governo pode colocar no peito. É o coroamento de uma relação consolidada nos últimos anos e que se transformou num sentimento de bem-estar quando os dois se encontram. No terreno da vida real, Uribe tem uma retórica antiterrorista que o aproxima das posições de Tony Blair e de Durão Barroso, ex-1º ministro de Portugal. Apoiou decididamente a invasão do Iraque e está implantando uma política de segurança partilhada pelos EUA, na qual a perseguição sistemática às guerrilhas das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia e do Exército de Liberação Nacional supera o combate ao narcotráfico e à crise econômica.

Um componente básico da estratégia de guerra interna adotada pelo governo colombiano é o acordo de Santa Fé de Ralito, região liberada para receber paramilitares das Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC) que aceitam depor as armas em troca de perdão a delitos cometidos. Bush poderá informar-se sobre o processo de desmobilização de 3.000 paramilitares, iniciado pelo Bloco Catatumbo, dura 40 dias e se encerra em 15 de dezembro. Os principais líderes das AUC, como Dom Berna, Salvatore Mancuso, Ernesto Báez e Jorge Quarenta têm sua extradição pedida pelos EUA por tráfico de drogas. De acordo com informações divulgadas pela revista Semana, a máfia assumiu o comando das AUC e vê o processo negociador com o governo como a oportunidade para a lavagem de crimes e dinheiro.

Na pauta de Cartagena figurou, ainda, o Tratado de Livre Comércio que está sendo discutido entre os dois países mais Chile e Equador, visando reduzir resistências ao comércio de produtos agrícolas surgidas na reunião deste mês em Guaiaquil. Enquanto o governo Lula se enreda nos debates regionais com o Mercosul e a Alça não decola, os acordos bilaterais e regionais (América Central, países andinos, Uruguai, Chile) negociados pelo Secretário de Comércio Robert Zoellick consolidam o livre-mercado nos moldes propostos pelos EUA e criam obstáculos adicionais para a balança comercial brasileira.



Vitor Gomes Pinto

Escritor, analista internacional

Autor do livro Guerra nos Andes

Vitor.gp@persocom.com.br

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