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Artigos-->VEREDÃO, de Moura Lima -- 24/11/2004 - 21:56 (Francisco Miguel de Moura) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
VEREDÃO

contos de MOURA LIMA









Veredão é um dos melhores livros de contos brasileiros saídos recentemente e seu autor, Moura Lima (Jorge Lima de Moura), tocantinense descendente das famílias Alencar e Moura do Piauí, um grande ficcionista dentre os que apareceram nos anos noventa do século XX. Não é sem razão que obteve o Prêmio Nacional “Joaquim Norberto”, da UBE-Rio, no ano passado, e agora em 2ª edição.

Depois que Clóvis Moura e Assis Brasil, dois gurus das literatura brasileira, indicavam nos seus artigos e ensaios o romance “Serra dos Pilões” como obra de referência neste fim de século e começo de milênio, Moura Lima cuidou de tirar uma 3a.edição, refundida, revista e ampliada, escreveu “Chão das Carabinas” com maior força que aquele e promete lançá-lo breve, e, nesse intermédio, edita “Mucunã” – outro livro de contos. A simples nominação dessas obras mostra a febril atividade do escritor Moura Lima, graças a Deus ainda na força da idade produtiva.

Mas Veredão reeditado é o que interessa. Como sabemos, a segunda edição é sempre mais difícil que a primeira, e se o autor ou o editor se mete a fazê-la é porque tem plena confiança no valor da obra e na boa recepção dos leitores. Moura Lima está coberto de razão. Suas estórias, mais do que simples histórias de violência e de prática do severo código de honra do homem do nosso hinterland, são quase sempre iniciadas com frases que nos introduzem na beleza da paisagem sertaneja, tornando-se por isto sua marca registrada. Depois, sem longos prolegômenos, nos oferece os protagonistas, sejam eles o vaqueiro Timborão, o jagunço Caolho ou Romãozinho Espalha Brasas dos contos iniciais, sejam o vereador Zé Martim Pedro ou o pescador João Tucunaré. Contos como “Negro d’Água”, “Veredão” e “O Canto da Siriema” podem fazer parte de qualquer antologia do conto regional brasileiro. E devem. O Regionalismo é a única escola literária nascida, crescida no Brasil e aqui bem nutrida, desde os primórdios. Se queremos citar nomes e obras antecessoras, podemos começar com José de Alencar e Franklin Távora e chegar até Fontes Ibiapina, Alaor Barbosa e Moura Lima.

Veredão é composto de 19 peças, começando com a que lhe dá título, e termina em “Meu Povo, Minha Terra”, todas de bom tamanho. Suas proezas cantadas na boa prosa dos viventes da Serra do Jalapão, nos diálogos com naturalidade e às vezes um pouco de exagero porém feitos para comunicar e expressar, tal como toda arte narrativa – depois de concluída a leitura, dá vontade de voltar e reler tudo, para bem observar o que foi dito em certo entrecho, como se comportou determinada personagem, como por exemplo no conto “O Iluminado”, onde Moura Lima, sem deixar de focar os sertões, dá uma campeada pelos domínios do introspectivo, do psicológico. E fá-lo muito bem. É imperdível sua seriedade e, ao mesmo tempo, seu bom humor. Os assuntos são os mais variados, os personagens também, mostrando a versatilidade, a inteligência e a força do escritor Moura Lima.

Costumes, lendas, estórias, ditados, frases, vocabulário, a alma sertaneja, enfim, toda uma sabedoria que estaria a se perder, caso não contasse com a pesquisa, o estudo e a pena de Moura Lima, desfilam nas páginas de Veredão. É uma riqueza. Coloco Moura Lima ao lado de Alaor Barbosa e Alvina Gameiro, por exemplo, e digo que a literatura brasileira os conta entre os melhores de sua geração, a trazer não só a novidade como o novo, e muito daquilo que nos faltava. Cada dia cuidando mais do estilo, aonde vai de nuance em nuance colocando o mundo interiorano, é um autêntico ficcionista, mais do que merecedor dos prêmios e do prestígio quem vem obtendo da crítica e dos leitores.



Teresina, 26/novembro/2001.



FRANCISCO MIGUEL DE MOURA

Escritor, Membro da Academia Piauiense de Letras

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