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Artigos-->Encontrando Forrester -- 24/11/2004 - 15:22 (Bruno Rezende Palmieri) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
ENCONTRANDO FORRESTER

Filme dirigido por Gus Van Sant.

Escrito por Mike Rich.

Columbia Pictures





O encontro





A idéia central é o encontro entre o mestre esperado pelo discípulo e entre este e o primeiro que também o aguardava. É um encontro entre o antigo e o novo, entre o caminho e a preservação do saber. Há bastante hermenêutica nas anotações que Forrester, o mestre, lança nos escritos do recém conhecido discípulo de 16 anos, Jamal. Ambos vão paulatinamente se aproximando e se interpretando, em silêncio.





O diálogo





Quando o diálogo entre mestre e discípulo se inicia, Jamal logo percebe que o diálogo assume a forma de um jogo proposto pelo mestre, ou, o começo do estabelecimento de uma dialética muito peculiar. Explicando, Forrester é um escritor de meia idade, branco, famoso e recluso. Jamal é um inexperiente garoto negro de 16 anos, desconhecido, pobre e possuidor de inegável talento para a literatura, tal como Forrester constatou nas primeiras leituras dos cadernos de Jamal. Conclui-se que os dois são talentosos, porém só Forrester, dada a sua vivência e experiência, tem condições de perceber o talento de Jamal.

Jamal desconhece a extensão da fama de Forrester, não se dando conta de que aquele senhor recluso com quem vem mantendo contato há algum tempo, é o grande escritor William Forrester, autor do chamado “ Romance do Século”, agraciado como o prêmio de “ Livro do Ano “, pela obra “ Pouso em Avalon”, citada por seu professor de literatura.

Forrester expõe a Jamal os fundamentos da grande arte de perguntar e o discípulo segue aprendendo bastante. Com efeito Jamal lança importante indagação a Forrester: “ qual é a sensação de ter escrito um livro como aquele com o qual ganhou o prêmo de livro do ano “ ? Ao que Forrester responde, reconhecendo o talento de Jamal: “ talvez um dia você descubra “.

Jamal continua exercitando a arte de perguntar e, em dado momento, pergunta a Forrester se ele leu todos os livros existentes em sua biblioteca. Forrester responde que “não, aqueles livros são para impressionar visitas “. Considerando que Forrester vivia recluso, pode-se concluir que a resposta foi bastante irônica. O discípulo se revela um intérprete habilidoso da obra do mestre, consegue acesso aos seus interiores, coisa que muitos comentadores e críticos, segundo o próprio Forrester, não conseguiram fazer. É claro que o jovem Jamal possuía enorme vantagem hermenêutica: estava em freqüente contato com o autor da obra, conhecia seu temperamento, sua maneira de viver e seu modo de comportar-se.

Forrester fornece a Jamal valiosas chaves hermenêuticas, tanto para o ofício de interpretar quanto para o de criar, ou escrever. Dizia Forrester: “ O segredo mais importante para escrever é escrever, não pensar “. Ou seja, exercício intenso do trabalho, escrever, escrever, escrever. Em outras palavras, muita prática, pouca teoria, experiência direta transportada para o mundo das letras. Forrester fornece outra chave hermenêutica importante, mas esta destinada ao labor de criar, o ritmo, tal como ocorre quando Jamal põe-se a utilizar antiga máquina de escrever, produzindo sons através do contato dos tipos com o papel. Ritmo, este é outro precioso ensinamento do mestre.

Jamal, nos contatos com Forrester, parecia seguir o pensamento de Schleiermacher: “ conhecer a obra mais que seu próprio autor “, para grande surpresa e satisfação do mestre.

Atinge-se assim a parte mais reveladora do diálogo, no momento em que o próprio Forrester demonstra grande talento tanto para a crítica quanto para a hermenêutica. Neste instante trabalhando com ambas comenta: “quando os críticos começaram a dizer coisas do tipo, terá sido isto que ele realmente quis dizer ? “, decidi tornar-me recluso e não publicar mais nada “. Todavia as perdas que enfrentou também pesaram muito em sua decisão. Isto, porém, só foi relatado a Jamal mais tarde.

Pode-se extrair deste comentário de Forrester importante informação e ensinamento: toda análise, toda crítica, toda interpretação a respeito de determinada obra tem limites. É falacioso que alguém que não tenha contato direto com a fonte, afirme que o sentido de certa passagem seja tal e não qual. Há questões nebulosas sobre um autor que nem mesmo seus amigos íntimos, biógrafos, confessores ou analistas conseguem desvendar e solucionar. Sob este ponto de vista é pretensioso tentar conhecer a obra mais que seu próprio autor, como queria Schleiermacher. Entretanto resta admitir com base nas próprias palavras de Forrester que às vezes nem mesmo parcialmente chega-se a um bom entendimento de alguma obra ou do conjunto de obras de um autor.





A mudança





É necessário observar que a mudança nas vidas do mestre e seu discípulo não ocorreu em apenas um momento, todavia teve lugar a partir do encontro entre ambos. O próprio Forrester, em carta a Jamal, é quem afirma: “ Alguém que conheci escreveu que renunciamos aos sonhos por medo do fracasso, ou, pior ainda, de ter êxito. Eu sabia desde o início que você realizaria seus sonhos mas nunca imaginei que eu realizaria de novo os meus. As estações mudam, meu jovem. E, embora tenha esperado até o inverno da minha vida para ver o que vi este ano, com certeza eu teria esperado demais se não fosse por você... “. Aqui o círculo hermenêutico se fecha, a mudança teve início quando eles se encontraram.

Comentarios

Carlo Rocha  - 14/06/2019

Tenho que saber mais

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