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Discursos-->Editorial do jornal Inconfidência -- 24/09/2007 - 12:27 (Félix Maier) Siga o Autor Destaque este autor Envie Outros Textos
Editorial deste mês do Jornal Inconfidência

RESPOSTA PARA A ARROGÂNCIA

Não foge ao lugar comum recorrer a um salvador da pátria nos momentos de crise. Para um problema pequeno, e a crise aérea é de uma dimensão relativa e específica que somente ganhou corpo pela inépcia, inércia e má-fé de setores do governo, buscou-se uma figura diminuta que, abrigado na prepotência e arrogância, busca a notoriedade dos grandes vultos.

Georges Clemenceau, ao ser conduzido ao cargo de primeiro-ministro da França, em 1917, num momento difícil da 1ª Grande Guerra, exacerbando sua notória vaidade, declarou “ser a guerra importante demais para ser deixada para generais”, no entanto, passou quase dois anos, da posse ao fim do conflito, acatando decisões de Foch e Petain, os dois chefes militares do período.

No cargo até 1920, candidatou-se a presidente da república no ano seguinte, sendo fragorosamente derrotado, enquanto os dois marechais eram alçados a heróis da França. Seu biógrafo afirma que, no fim da vida, queixara-se “tive uma esposa que me abandonou, filhos que se viraram contra mim e amigos que me traíram...”

Ainda na mesma Guerra, Winston Churchil, primeiro lorde do almirantado, cuja experiência de guerra resumia-se apenas a quatro anos passados, como tenente, em um regimento de Hussardos na Índia e ao trabalho, como correspondente de guerra, em Cuba, África do Sul e na Índia, arrogante, desdenhando a opinião de almirantes e generais, arrastou, em 1915, a Inglaterra a uma expedição na península de Galípoli, no estreito de Dardanelos, que resultou em um dos maiores fracassos do conflito e custou-lhe o cargo.

Anos depois, pretendeu convencer os Estados Unidos a um desembarque na Grécia ao invés da Normandia. A lembrança da derrota passada o inibiu a perseverar na proposta e levou Roosevelt a desconsiderar a idéia. Houvesse sido escutado, o pós-guerra, teria outra história.

Um século antes, a América do Sul passou por experiência parecida. Solano Lopez, em 1845, com apenas 19 anos, feito general pelo marido de sua mãe, Carlos Lopez, e designado Chefe do Exército e Ministro da Guerra paraguaio, presunçoso, sem conhecer os rudimentos das armas, apresentou-se com uma divisão para combater ao lado da província de Corrientes contra o governo central argentino. O máximo que conseguiu foi ser chamado “El generalito”, enquanto sua tropa se rebelava para voltar a Assunção.

Alguns anos após, com a mesma prepotência e com o mesmo desconhecimento militar, invadiu a um só tempo, a Argentina e o Brasil, sustentando por cinco anos, graças ao fuzilamento de adversários internos e ao holocausto de seu povo, um conflito que arrasou o país.

No Brasil, em 1912, Artur Bernardes, autoritário presidente do estado de Minas Gerais e candidato à chefia do Governo Federal, teve uma carta, dirigida a Raul Soares, publicada no jornal “Correio da Manhã”, cuja autenticidade seria questionada pelo presumível autor por não existir o corte da letra “t”, onde chamava o Marechal Hermes, ex-presidente da república, de “sargentão” e dizia que “os que forem venais (referindo-se aos generais), que é quase toda a totalidade, compre-os com todos os seus bordados e galões...”

Prepotente, fez-se de vítima e desmentiu categoricamente ter escrito a carta. Eleito, governou sob estado de sítio, garantido pelos generais que teria atacado.

Recentemente, surgiram indícios de que a história tende a se repetir. Na ocasião do lançamento do livro-relatório “Direito à Memória e à Verdade”, lamentavelmente, apresentado em cerimônia no Palácio do Planalto, em 29 de agosto de 2007, o Ministro da Defesa, Nelson Jobim, investindo-se de uma autoridade que não lhe pertence, pretendeu mandar um recado aos militares, dizendo “não haverá indivíduo que possa a isso reagir e, se houver, terá resposta”. Convenhamos, é muita pretensão de Jobim querer ensinar alguma coisa aos militares. Mais ainda se considerarmos o governo que representa.E a resposta não veio de um “indivíduo”, mas de todos os generais do Alto Comando do Exército.

Os militares, o povo sabe, têm um compromisso sério e honrado para com a Pátria, ao ingressar na carreira, juram solenemente defendê-la, com o sacrifício da própria vida. E assim o fazem, sem alarde, sem propaganda e, por este motivo, trabalhando silenciosamente, têm recebido da nação os maiores graus de credibilidade como representantes das instituições que integram.

Nos quartéis, espalhados pelo imenso território nacional, de leste a oeste e de norte a sul, aprendem e ensinam a cultuar os valores maiores da instituição militar, quais sejam a hierarquia e a disciplina. E o fazem de maneira firme e leal ao juramento prestado.Desse modo, a Nação sabe que sempre que for necessário poderá contar com seu braço forte na defesa da soberania e integridade nacionais, ou mesmo com sua mão amiga, juntando-se a outras instituições brasileiras, para levar desenvolvimento, progresso e assistência aos mais necessitados.

Sempre foi assim, uma vez que a história do país está intimamente ligada à história das suas Forças Singulares. Nas oportunidades em que foram chamadas a intervir no cenário nacional, as Forças atenderam ao chamamento da nação e contribuíram para que as correções de rumo, necessárias, ocorressem com o menor custo possível.

Os militares não necessitam de qualquer tipo de lição de ética ou de moral e, nesse campo, são rígidos e têm a capacidade de cortar na própria carne quando necessário. Tal fato que deveria servir de exemplo para outros segmentos da sociedade. O que nossos militares precisam é ter a capacidade de cumprir sua missão constitucional. Não se pode esquecer que o Brasil é um país de dimensões continentais e, ainda, que nossas Forças não pretendam ser maiores que o país, necessitam de um mínimo de atenção dos nossos governantes e de todos os segmentos da nação, de forma a estar realmente capacitada para o cumprimento de sua missão.

Decididamente, este não é o momento de confrontações. É preciso olhar para o futuro, sem mexer em feridas já cicatrizadas, como, por exemplo, uma inaceitável revisão da Lei da Anistia. É tempo de conciliação e de concórdia, não há espaço para iniciativas inócuas que possam comprometer a harmonia e a paz já conquistadas, sob risco de gerar conseqüências desagregadoras e que não trariam qualquer benefício para uma nação, que todos pretendemos, seja mais justa, mais fraterna e mais próspera, como registrou o Comandante do Exército em nota expedida, em 31 de agosto de 2007, depois de reunir o Alto Comando da Força.(Leia o Informex nº 20 na capa do encarte).


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